Crédito: Divulgação “CODA – No Ritmo do Coração”
Vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2022, a obra de Sian Heder é um mergulho emocionante na cultura surda
Nos Estados Unidos, quando uma criança ouvinte possui os pais surdos, referem-se a elas como “codas” (do inglês “Children of Deaf Adults” ou criança de adultos surdos). Por conta dessa realidade familiar, tais crianças estão expostas a mundos bastante diferentes, que se comunicam de formas distintas, o que exigem delas uma maior adaptabilidade e uma vivência única que só é plenamente entendida por aqueles que compartilham dessa condição. Sendo assim, os “codas” são considerados bilíngues, uma vez que aprendem – desde muito cedo – a língua dos sinais e a língua oral. E é justamente sobre essas pessoas que trata “CODA- No Ritmo Do Coração”, o longa vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2022.
A história gira em torno de Ruby, uma menina tímida de 17 anos que é a única de sua família que consegue escutar. Assim, desde muito nova ela é a principal fonte de comunicação entre o mundo exterior e seus familiares (tanto os pais quanto o irmão mais velho), especialmente na condução do negócio de pesca de seu pai. Inclusive, por conta desse trabalho mais intenso no barco, a jovem precisa acordar muito cedo e possui uma rotina que, somada aos estudos, é bastante cansativa. E, apesar de ser muito madura e tentar transparecer estar bem, a realidade é que Ruby está exausta com todo esse acúmulo de funções.
A vida da protagonista irá tomar um rumo inesperado quando ela entra para o coral da escola e descobre um talento para cantar que estava adormecido. Porém, essa habilidade é algo que sua família não irá conseguir compreender de imediato, o que acaba gerando alguns conflitos entre eles, principalmente quando a sua audição para a faculdade de música de Berklee (em Boston, Estados Unidos) entra em conflito com os seus deveres familiares. Uma história sobre crescimento e descoberta do mundo, “CODA” está disponível no YouTube, na Apple TV e na Amazon Prime Video.
Link para o trailer de “CODA – No Ritmo do Coração”
De volta para a política
Ambientada na Dinamarca, Netflix revive série sobre trajetória de primeira-ministra no governo em uma quarta temporada independente
As séries sobre o mundo político, quando bem executadas, conseguem atrair uma legião de fãs e se desdobrar em diversos assuntos. Como exemplo, “Scandal” e “House of Cards” foram produções muito bem-sucedidas ambientadas nesse universo narrativo, porém, ambas no contexto norte-americano. Mas, a série dinamarquesa “Borgen: O Reino, O Poder e a Glória” também é uma opção muito interessante para aqueles que se interessam pelo gênero. Lançada em 2010, a obra foi ao ar por três temporadas (até 2013), quando foi cancelada. Porém, para a felicidade dos fãs, a Netflix resolveu retomar a produção da série como um original da plataforma.
A plataforma de streaming irá dar continuidade a história das temporadas passadas, mas de forma independente. Sendo assim, será possível ver a série sem necessariamente ter assistido todos os episódios anteriores, mas o enredo, os personagens e até o time criativo da produção original foram aproveitados para a realização dessa nova sequência. Ao mesmo tempo, todos os episódios que foram lançados de 2010 a 2013 já estão disponíveis na íntegra para os assinantes da Netflix, enquanto essa “quarta temporada” original chega no dia 2 de junho ao catálogo da plataforma.
A história se passa na Dinamarca e tem como protagonista Brigitte Nyorb, uma parlamentar que trabalha como Ministra das Relações Exteriores do país. Apesar de, por si só, já possuir um trabalho bastante delicado, as coisas começam a tomar uma proporção mais perigosa quando a parlamentar acaba se envolvendo em um desentendimento sobre o petróleo na Groelândia, que dá origem a uma crise política internacional e que coloca em risco a sua própria vida. “Borgen” irá abordar tanto as questões profissionais de seus personagens quanto seus conflitos familiares e questões íntimas, o que dá uma maior pluralidade à narrativa. Além disso, a série se preocupa em ir além do estereótipo conflito do mocinho contra o vilão, mostrando as diversas camadas que envolvem relações interpessoais e políticas na atualidade.
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Filme dentro do filme
Na nova minissérie da HBO, uma atriz americana desiludida busca no reboot de um clássico francês a paixão pelo cinema que foi apagada com seus trabalhos anteriores
Em uma espécie de filme metalinguístico, uma nova minissérie de seis episódios da HBO MAX chegará no dia 6 de junho com o título de “Irma Vep”. A produção original faz referência ao seriado francês “Les Vampires”, que fez muito sucesso entre o cinema mudo da época e foi escrito e dirigido por Louis Feuillade, e ao filme “Irma Vep” de 1996, que também fala sobre um diretor remontando uma série clássica. Além de possuírem o mesmo nome, as duas obras audiovisuais são dirigidas por Olivier Assayas, que interpreta uma versão de si mesmo – inclusive com o mesmo nome – na produção original da HBO Max.
Apesar de todo esse universo para além do filme, a história é centrada em Mira, uma jovem atriz de Hollywood que conseguiu muito sucesso depois de interpretar uma super-heroína no filme “Doomsday”. Com a turnê de promoção do longa terminando, a atriz começa a avaliar suas novas possibilidades de trabalho e o reboot de “Les Vampires” chama sua atenção logo de cara, uma vez que nele a possibilidade de explorar o processo mais artístico de sua profissão, algo que vinha sentindo falta nos seus trabalhos anteriores. Ao mesmo tempo, sua agente lhe apresenta a possibilidade de um papel em “The Silver Surfer”, um novo filme do mundo dos super-heróis.
Assim como na história de criação do filme, no enredo as linhas entre ficção e realidade vão se confundindo conforme Mira mergulha nesse novo mundo do cinema, chegando ao ponto de ser difícil distinguir entre ela mesma e a sua personagem. Um ponto interessante da série é que ela sabe aproveitar dessa metalinguagem ao seu favor, fazendo algumas piadas e comentários bastante certeiros. Além disso, “Irma Vep” traz uma reflexão importante sobre o cinema – e arte no geral – nos dias de hoje, quais são as suas possibilidades comunicativas e o qual o seu valor.
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