Tatiane Neves Santana viveu momentos de tensão após descobrir pela própria filha, de apenas quatro anos, que ela foi esquecida dentro de um ônibus escolar por cerca de seis horas. O caso aconteceu no último dia 22, em Pedrinhas Paulista (SP).
O ônibus, que levava cerca de 12 crianças a escolas e creches da cidade, saiu da residência de Tatiane às 6h30, como pontualmente faz todos os dias.
"Ele sempre passa às 6h30 para levá-la à creche e retorna às 15h. Ela saiu sentadinha no quarto banco do ônibus", conta a mãe.
O que parecia mais um dia normal logo virou desconfiança para Tatiane após ver que a filha, Ana Júlia, chegou em casa, embora no horário previsto, acompanhada de duas funcionárias da Secretaria de Educação, e não no ônibus escolar.
"Elas vieram conversar comigo e alegaram que ela podia ter dormido e que ficou alguns minutos no ônibus sozinha. Falaram que ela estava bem, hidratada. Ninguém me contou nada sobre ter sido deixada sozinha por horas", relembra Tatiane.
Segundo a mãe, que registrou um boletim de ocorrência, no momento de deixar os alunos na escola, o motorista e a monitora não teriam percebido que a menina não desceu e ela acabou ficando no veículo, que foi levado para a garagem.
Somente à noite, a menina confessou aos pais não ter ido à escola no dia, tendo ficado dentro do veículo fechado, em um dia de sol, passando sede e fome.
"Ela só contou sobre a situação quando o pai chegou em casa. Disse que ficou no ônibus sozinha sem comer nada e com vontade de fazer xixi. Eu sei que ela é quietinha e não dá trabalho para ninguém, mas nada justifica o esquecimento", pontua Tatiane.
A mãe também informou que o Conselho Tutelar não foi acionado, sendo que a menina só foi encontrada no ônibus por volta das 12h, quando o motorista voltou para pegar o veículo para buscar as crianças na escola.
No entanto, o período que a filha passou sozinha poderia ter sido ainda maior, uma vez que o motorista só passou mais cedo para o retorno, que seria às 15h, porque algumas unidades de ensino encerraram o dia de aula antes do horário previsto em decorrência dos preparativos para uma festa junina.
A Prefeitura de Pedrinhas Paulista abriu uma sindicância para apurar a conduta do motorista e da monitora. O prazo é de, no máximo, 120 dias e, após esse período, os servidores envolvidos podem ser exonerados.
Ainda de acordo com a administração municipal, a família tem recebido todo o apoio necessário. Tatiane, por sua vez, espera por transparência na apuração e, acima de tudo, que a situação não se repita com outras crianças.
"É desesperador. A minha filha tem quatro anos, mas eles pegam também crianças de um ano. Deus nos livre, mas imagina se é uma criança mais nova? Eu espero que isso nunca mais aconteça", pede Tatiane.