As consequências diretas das mudanças climáticas não são mais notícias do futuro. Foi o que mostrou a espessa camada de fumaça que, devido às queimadas, se espalhou nos últimos dias por estados como Bahia, Mato Grosso do Sul e Acre.
Mariana Veras, responsável pelo Laboratório de Patologia Ambiental do Hospital das Clínicas em São Paulo, detalhou os perigos da fumaça das queimadas. Em entrevista ao podcast Bem Estar, a bióloga explicou que os riscos podem ir ainda mais além dos casos de bronquite, asma e até infarto em pessoas com problemas cardiovasculares.
"Pessoas que vivem a 50 km de distância das regiões onde ocorrem queimadas têm um risco aumentado para câncer de pulmão". Segundo Veras "alguns compostos são muito perigosos para nossa saúde pelo potencial carcinogênico dessas substâncias."
A bióloga explica ainda por que o uso de máscaras não ajuda a proteger dos riscos à saúde. "É um material particulado e os gases vão passar ", alerta. "A N95 ajuda a proteger com relação às partículas, mas infelizmente é muito pouco."
Segundo Mariana Veras, há somente um equipamento de proteção capaz de proteger contra a fumaça efetivamente. "Máscara eficiente só dos bombeiros, mas não é nada confortável."
Ainda segundo Mariana Veras, há outras práticas mais eficazes contra o efeito das queimadas.
- Umedecer e vedar a casa: "Se a sua casa consegue ficar bem fechadinha... tentar evitar essa entrada da fumaça";
- beber bastante líquido: "A ingestão de fluidos... ajuda a melhorar o seu sistema de defesa e o seu sistema respiratório";
- evitar exercícios em dias de fumaça: "Vai aumentar sua exposição porque você vai respirar mais... Se tiver dias que estão melhores, o exercício ajuda a desinflamar o corpo.";
- monitorar a qualidade do ar: "Nos piores dias é melhor poupar o seu organismo."
- pressionar o poder público: "A pressão popular e lutar por um meio ambiente de qualidade... e o mais rápido possível."