O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, prometeu nesta segunda-feira (1º), em Glasgow, uma "liderança pelo exemplo" no esforço da redução das emissões de gases de efeito estufa e a introdução de energias renováveis, destacando o potencial para o crescimento econômico.
Em discurso na Cúpula de Líderes Mundiais da 26ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), ele afirmou que o esforço para conter o aquecimento global "é imperativo moral, mas também econômico".
O presidente destacou a possibilidade de serem criados novos trabalhos e oportunidades econômicas e também de reduzir a atual volatilidade dos preços do gás natural e o custo das faturas de eletricidade.
"Os preços altos de energia só reforçam a necessidade urgente de diversificar as fontes, reforçando o desenvolvimento limpo", argumentou.
Biden prometeu "investimentos históricos em energia limpa", benefícios fiscais para a instalação de painéis solares e isolamento das casas e aquisição de veículos elétricos, ao mesmo tempo que exaltou o potencial de criação de postos de trabalho na fabricação de painéis e torres eólicas, instalação de cabos para as redes elétricas e produção de sistemas de captura de dióxido de carbono.
No discurso, reiterou o compromisso de cortar as emissões de gases de efeito de estufa em 50% a 52% relativamente aos níveis de 2005, equivalentes a mais de uma gigatonelada até 2030, para atingir a neutralidade carbônica até 2050.
"Queremos demonstrar que os EUA não estão apenas de volta à mesa [de negociações], mas vão liderar com o poder do exemplo", disse ele em referência à volta ao Acordo de Paris, do qual o seu antecessor, Donald Trump, tinha se afastado.
"Sabemos que nenhum de nós pode fugir ao pior que se avizinha se não soubermos aproveitar este momento", acrescentou na cerimônia de abertura da Cúpula do Clima.
Joe Biden acredita que há, "no meio da atual catástrofe, uma oportunidade incrível", não apenas para os Estados Unidos, "mas para todos".
"Este é o desafio da nossa vivência coletiva, a maior ameaça à existência humana tal como a conhecemos. E cada dia que adiamos, o custo da inércia aumenta", alertou.
Dessa forma, ele pediu que a COP26 seja o momento de responder ao apelo da História e o início de uma década de ação transformadora, que preserve o planeta e aumente a qualidade de vida de todos os povos.
À semelhança do premiê britânico, Boris Johnson, Joe Biden afirmou: "Nós podemos fazer isso, basta que optemos por fazê-lo. Portanto, mãos à obra".
O presidente norte-americano falou durante sessão de declarações nacionais, abertas a todos os chefes de Estado ou de governo presentes, sobre metas e planos para combater as alterações ambientais.
Cada intervenção é prevista para durar apenas três minutos, mas Biden ultrapassou o tempo.
As sessões, que começaram com cerca de uma hora de atraso, ocorrem paralelamente em duas salas, prolongando-se até esta terça-feira (2).
O presidente da China, Xi Jinping, que não participa do encontro, vai apresentar uma declaração escrita que será disponibilizada na página eletrônica da conferência, informou a organização.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas e ativistas estarão reunidos até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia. A 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) deve atualizar as contribuições dos países para a redução das emissões de gases de efeito de estufa até 2030.
A COP26 ocorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus Celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases de efeito de estufa atingiram níveis recordes em 2020, mesmo com a desaceleração econômica provocada pela pandemia de covid-19. A ONU estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão, no final do século, superiores em 2,7 ºCelsius.