A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse ao blog na noite de terça-feira (2) que acompanha com cautela os desdobramentos da crise Rússia-Ucrânia e que é “muito cedo” para definir o impacto que a crise terá na importação de fertilizantes no Brasil.
“Precisamos aguardar, é muito cedo ainda: precisamos ver como será essa sanção do Ocidente para Rússia”.
A ministra diz que não há motivo para pânico, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha dito na manhã desta quarta-feira (2) que há risco de falta de potássio no Brasil.
“Não temos certeza do impacto ainda, tudo vai depender da evolução do conflito: mas não há motivo para pânico. Temos buscado alternativas se isso ocorrer e debatemos saídas, além do plano nacional de fertilizantes que discutimos desde 2020”, disse a ministra.
O governo federal já estudava lançar o Plano Nacional dos Fertilizantes. Ele tem por objetivo diminuir a dependência externa, por meio de implementação de propostas legislativas para facilitar a produção do item no país.
O Brasil é um grande produtor agrícola e tem um papel importante como fornecedor de grãos para o mundo. Por outro lado, o país tem dificuldades para fabricar os insumos necessários para manter a alta produtividade, como os fertilizantes.
Cerca de 70% da matéria-prima dos fertilizantes usados nos plantios vêm do exterior. Da Rússia, são 23%.
Cada cultura necessita de um fertilizante diferente para se desenvolver, dependendo de quais nutrientes precisa. A soja, por exemplo, exige muito fósforo e potássio, já o milho requer os nitrogenados.
Para que o país mantenha a alta produtividade das chamadas commodities agrícolas, como a soja e o milho, os agricultores precisam tratar o solo com adubos e fertilizantes, sanando possíveis deficiências nutricionais.
Plano nacional
Nesta quarta-feira, a ministra vai reunir sua equipe para apresentar à imprensa um diagnóstico da situação – na pauta, a defesa do plano nacional de fertilizantes.
O debate de retomar as fábricas brasileiras de fertilizantes voltou perante o cenário de crise do insumo e tem dois lados interessantes a serem considerados, segundo o presidente da associação que reúne os fabricantes, a CropLife Brasil, Christian Lohbauer.
Para ele, os produtos podem acabar saindo mais caros ao serem feitos no Brasil, mas, por outro lado, isso geraria fornecimento garantido, independentemente da situação externa.