Prefeitura de Campo Grande se prepara para uma troca de comando. O prefeito, Marcos Trad (PSD), deixará o cargo neste sábado (2) e quem assumirá a gestão da cidade será a vice-prefeita, Adriane Lopes (Patriota). Em meio a esta transição, servidores públicos ligados à Educação e à Saúde decretaram greve ontem (31).
A paralisação, segundo o Sindicato dos Servidores de Campo Grande (Sisem), não tem data para terminar.
Ao todo, são cerca de 2 mil servidores administrativos que atuam na Secretaria Municipal de Educação (Semed) e outras 33 profissões correspondentes a servidores de nível superior que integram a categoria 14B do quadro da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). A estimativa é de que mais de 1.200 servidores tenham aderido à greve.
À frente da mobilização está o vereador e presidente do Sisem, Marcos Tabosa (PDT), parlamentar que não figura na base do prefeito na Câmara Municipal.
Entre os pedidos em comum das categorias está o aumento, para quase R$ 500, do auxílio-alimentação.
Já os profissionais da Educação também querem a incorporação do Programa de Formação Inicial em Serviço dos Profissionais da Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público (Profuncionário). Enquanto os funcionários da Saúde pedem um plano de cargos e carreira e o pagamento da insalubridade.
Ontem, pela manhã, centenas de servidores seguiram pelo centro da cidade, saindo da Praça do Rádio até o Paço Municipal. Segundo Tabosa, diariamente deverão ocorrer mobilizações semelhantes a esta na Capital, porém, ele não antecipou o horário nem o local.
SAÚDE
Apesar de médicos e enfermeiros não terem paralisado suas atividades, a população teve dificuldades neste primeiro dia de mobilização para ser atendida em algumas demandas nos postos de saúde.
Isso porque entre as 33 profissões que compõem a categoria 14B estão psicólogos, farmacêuticos e assistentes sociais. Em virtude disso, em alguns locais não foi possível fazer retirada de medicação, uma vez que não havia profissional da área na unidade.
O sindicato afirma que foi respeitada a determinação de que 30% desses servidores deveriam seguir atuando. “Mais de 30% dos servidores da área da Saúde estão trabalhando, os setores que ficaram fechados foi por falha da secretaria, que devia ter a capacidade de redistribuir os profissionais e não fez isso, porque não tem uma coordenação correta', declarou Marcos Tabosa.
Durante a manifestação da manhã, que segundo Tabosa reuniu 800 pessoas, os profissionais enfrentaram frio e chuva para reivindicar melhorias. Sandra da Silva é assistente social e pontuou que todos os profissionais atendem a população e merecem reajuste.
“Nossa reivindicação é a melhoria do salário, a questão da insalubridade. Todos nós atendemos a população. Há anos não há valorização para todas as categorias. Aqui não é só uma, há várias', disse Sandra.
Para o secretário municipal de Saúde, José Mauro de Castro Filho, a mobilização de parte de seus servidores é ilegal e tem caráter político, já que o prefeito deve se lançar como pré-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul.
“É uma greve ilegal, pelo que consta no departamento jurídico do município. Está sendo comunicado para os órgãos de controle, que é o Ministério Público, para ver o porquê dessa greve. É uma greve meramente política, porque foram atendidas todas as solicitações, que inclusive eram da categoria, do plano de cargos, carreiras e insalubridade', disse.
Segundo o Sisem, apenas os enfermeiros tiveram os seus pedidos atendidos por parte da prefeitura.
EDUCAÇÃO
No caso dos servidores administrativos da Educação, apesar de as aulas não terem sido afetadas, alguns funcionários deixaram de comparecer às escolas, como as merendeiras. Por causa disso, houve relatos de que algumas instituições tiveram dificuldades para manter as aulas normalmente, por falta de servidores.
Muitos dos profissionais, principalmente os que são administrativos da Educação, não chegam a receber nem um salário mínimo bruto, e com os descontos de impostos recebem menos ainda.
A monitora de alunos Maria Aparecida, concursada há 23 anos, disse se sentir muito desvalorizada. “Eu não fiz concurso público para ganhar menos do que um salário mínimo, faço o meu serviço benfeito e gostaria de ser paga com dignidade'.
Em razão desta defasagem salarial, os servidores pediram a implantação do Profuncionário, um curso a distância, que visa à formação dos funcionários de escola que estão em efetivo exercício em uma habilitação compatível com a atividade exercida na unidade educacional.
A reportagem procurou o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, mas o gestor preferiu não se posicionar sobre o fato.