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Sexta, 22 de novembro de 2024

Bolsonaro e Lula resistem a ir a debates

Presidente defende encontros com perguntas ‘pré-acertadas’ e tenta evitar ser alvo de rivais, enquanto o petista quer limite de três encontros

02 de jun 2022 - 15h:00 Créditos: Agência O Globo
Crédito: Reprodução

Enquanto os principais veículos de comunicação já marcaram dez debates durante o primeiro turno da campanha para a Presidência da República e outros sete no segundo turno, os dois pré-candidatos que lideram as pesquisas de opinião, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), já deixaram claras estratégias distintas para os encontros.

Bolsonaro disse ontem que, caso avance na disputa, participará de debates no segundo turno. Em entrevista ao apresentador Carlos Massa, o Ratinho, em seu programa de rádio e televisão veiculado ontem, Bolsonaro alegou que seria alvo de “pancada” dos adversários, sem ter tempo para responder.

— No segundo turno eu vou participar. No primeiro turno, a gente pensa, porque se eu for, os dez candidatos vão querer dar pancada em mim e eu não vou ter tempo para responder. Eu acho que o debate deveria ser perguntas pré-acertadas antes para não baixar o nível — disse Bolsonaro ao apresentador.

Já Lula deve participar de debates no primeiro turno, mas trabalha para que ocorra uma redução do número de encontros. A pré-campanha do petista informou que estuda apresentar uma proposta de realização de três debates no primeiro turno, em forma de pool, quando diferentes emissoras usam o mesmo sinal para transmissão. Auxiliares de Lula ainda não discutiram o que fariam na hipótese de Bolsonaro desistir de todos os debates no primeiro turno.

Reservadamente, integrantes da coordenação de campanha dizem que o petista irá aos encontros se o formato de pool for aceito. Não há uma definição de qual será a postura de Lula caso não haja acordo para a redução do número de encontros.

O pré-candidato do PT deve propor a realização de outros dois debates, também em formato de pool, no segundo turno. Em 2006, quando disputava a reeleição e liderava as pesquisas com chance de vitória no primeiro turno, Lula não participou dos debates na etapa inicial da eleição. No dia do último debate do primeiro turno, organizado pela TV Globo, o petista divulgou nota na qual afirmava: “Não posso render-me à ação premeditada e articulada de alguns adversários que pretendiam transformar o debate desta noite em uma arena de grosserias e agressões, em um jogo de cartas marcadas”.

Ciro critica

A última pesquisa do Datafolha apontou que Lula segue na liderança da corrida pela Presidência, com o Bolsonaro na segunda colocação. Lula aparece com 48% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 27%. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos.

Terceiro colocado no Datafolha com 7%, Ciro Gomes (PDT) reagiu contra as estratégias de Lula e Bolsonaro. Ao GLOBO, o pré-candidato afirma que há uma “combinação”:

— Bolsonaro e Lula estão combinando de não participar de debates, demonstrando o desprezo que eles têm para a confrontação de ideias. Não aceitar participar de debates é um crime contra a própria democracia. Que ambos não têm projetos para o Brasil, está claro, mas o medo do debate é a mais clara demonstração de falta de caráter.

Ciro atacou Lula por já ter criticado a ausência de Bolsonaro em debates de 2018:

— Mais que Bolsonaro, a postura de Lula, que ainda não confirmou de forma clara participação em nenhum debate, é a mais mesquinha, uma vez que criticou a ausência de Bolsonaro em debates em 2018.

Pré-candidata do MDB, Simone Tebet, que registrou 2% no Datafolha, evitou críticas diretas aos dois adversários, mas disse que considera “fundamental” a participação nos debates:

— É um dever democrático. Estou à disposição para debater ideias e apresentar soluções para o país. É possível conciliar a agenda. Eu estarei presente.


Outros momentos de ausência

Fernando Henrique

Em 1998, na campanha de reeleição, o tucano, usufruindo da vantagem que conquistara nas pesquisas de intenção de voto e da relevância de quem já ocupava a cadeira da Presidência, ignorou todos os debates e venceu as eleições no primeiro turno. Em 1994, FHC tinha ido a apenas um debate, mas também ganhou o pleito no primeiro turno.

Lula

Em 2006, também tentando a reeleição, não foi no debate do primeiro turno promovido pela TV Globo. Seus adversários na ocasião, incluindo Geraldo Alckmin, à época no PSDB, encontraram a porta aberta para chamar o petista de “corrupto”, “traidor” e “covarde”. Lula avisou três horas antes que não iria para não ser alvo de “grosserias e agressões”.

Bolsonaro

Em 2018, o então candidato do PSL não foi, no segundo turno, a nenhum debate na TV contra Fernando Haddad (PT). Bolsonaro, que havia sido vítima de uma facada no mês anterior, alegou dias antes do programa que poderia ter problemas com sua bolsa de colostomia, embora o médico o tivesse deixado à vontade para decidir se iria ou não.


Veja lista de eventos já marcados:

Primeiro turno - 10 debates

  • 6 de agosto – CNN Brasil
  • 9 de agosto – Jovem Pan
  • 14 de agosto – TV Bandeirantes
  • 2 de setembro – Rede TV
  • 8 de setembro – O GLOBO, Valor e CBN
  • 13 de setembro – TV Aparecida
  • 22 de setembro – Folha de S.Paulo e UOL
  • 24 de setembro – SBT, O Estado de S. Paulo, Veja e Rádio Nova Brasil FM
  • 25 de setembro - TV Cultura
  • 29 de setembro – TV GLOBO


Segundo turno - 7 debates

  • 3 de outubro – CNN Brasil
  • 4 de outubro – TV Bandeirantes
  • 11 de outubro – Jovem Pan
  • 13 de outubro – Folha de S.Paulo e UOL
  • 17 de outubro - Rede TV
  • 22 de outubro – SBT, O Estado de S.Paulo, Veja e Rádio Nova Brasil FM (confirmado)
  • 28 de outubro – TV GLOBO

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