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Sábado, 02 de agosto de 2025

Presídio para PMs em SP mantém visitas presenciais na pandemia; presos comuns estão sem ver parentes desde março

Justiça suspendeu entradas externas em todos 176 presídios do estado, mas penitenciária de policiais permite visitação. Defensoria vê 'diferenciação entre cidadãos'. Ao G1, governo de SP afirma que 'já trabalha em plano de retomada' de visitas em penitenciárias do estado.

02 de set 2020 - 09h:45 Créditos: Tahiane Stochero, G1 SP — São Paulo
Crédito: Reprodução/G1

Segundo o TJM, o corregedor do presídio da PM, juiz militar Luiz Alberto Moro Cavalcante, determinou em 13 março, logo no início da pandemia, a proibição das visitas por um período curto de tempo. Naquela ocasião, as visitas íntimas foram também suspensas e continuam proibidas até a presente data.


Plano de contingenciamento


Como o Romão Gomes tem cerca de 240 presos, segundo estatísticas atualizadas pelo tribunal em julho, a Justiça Militar e o Comando da PM resolveram aplicar "planos de contingenciamento" com abertura progressiva das permissões, com a autorização para visitas presenciais, desde que houvesse a adoção de protocolos de segurança e de higiene, visando evitar a contaminação pela Covid-19.

A proibição total das visitas presenciais durou de 2 a 3 semanas, quando entrou em vigor o segundo plano de contingenciamento, começando a permitir visitas presenciais.

Atualmente, as visitas presenciais de parentes no Presídio Militar Romão Gomes obedecem as seguintes normas:


  • Cada preso tem direito a receber apenas 2 visitantes, com cadastro prévio no presídio;
  • Cada visitante pode ficar no máximo duas horas por dia no presídio;
  • A visitação é intercalada em dois turnos (manhã e tarde);
  • A visita ocorre com horário previamente agendado;
  • É necessário passar por termômetro de temperatura corporal;
  • É necessário seguir regras de distanciamento social.


Segundo o TJM, os planos de contingência estabelecidos para o Presídio Romão Gomes foram sofrendo ajustes ao longo do tempo, devido à melhoria das condições sanitárias no estado e na capital paulista e o andamento foi informado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que acompanha a situação do sistema carcerário brasileiro.


Defensoria e ONG apontam discriminação


Para a Defensoria Pública de São Paulo e a ONG Associação de Amigos e Familiares de Presos (Amparar), não há motivos que justifiquem diferença de tratamento entre presos comuns e presos policiais. Segundo Raílda Alves, diretora da ONG, a situação não é só retrato da "desigualdade", mas retrata despreparo dos órgãos penitenciários para se preparem para a pandemia.


"Isso é injusto, não só na parte que a lei é igual para todos, mas na parte de que a PM se preparou para isso, para que os policiais presos pudessem receber visitas e um tratamento diferenciado. Por que os presídios normais também não adotam protocolos e tomam as medidas cabíveis para permitir as visitas?", questiona Raílda.


"Os direitos dos presos policiais são garantidos [como a visita], enquanto os dos presos comuns, não", diz ela.

Integrante do Núcleo Especializado de Situação Carcerária, o defensor público Matheus Moro acompanha as solicitações de detentos e familiares na pandemia e afirma que as explicações do governo "tratam as pessoas de maneira desigual".

"A quantidade de presos no sistema não é justificativa para não permitir visitas presenciais em alguns pequenos presídios", diz Moro.


"A diferenciação de PMs presos e os presos comuns trata alguns como mais cidadão do que outros e não têm razão de existir", argumenta o defensor público.


Detentos agora têm direito a visita virtual que dura 5 minutos — Foto: Defensoria Pública/reprodução
Foto: Defensoria Pública/reprodução

Visitas virtuais


Há dois meses, a Secretaria de Administração Penitenciária implantou um projeto chamado "Conexão Familiar", que permite "visitas virtuais" por meio de tecnologia de áudio e vídeo, com agendamento prévio. Segundo a pasta, o sistema de videoconferência está sendo usado em todos os 176 presídios do estado de São Paulo e é o mesmo utilizado, durante a semana, para teleaudiências criminais, entrega de citações e intimações de oficiais de justiça e atendimento de advogados.


Segundo o governo, desde julho, foram mais de 1,27 milhão de mensagens trocadas - 676.958 recebidas e 598.808 enviadas -, além de 60.940 visitas virtuais realizadas nos presídios de São Paulo.

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