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Quarta, 03 de julho de 2024

Após 2 anos, Testemunhas de Jeová voltam a bater de porta em porta

Religiosos haviam suspendido o contato presencial devido à pandemia, pregando através de cartas e ligações

02 de set 2022 - 13h:48 Créditos: Campo Grande News
Crédito: Henrique Kawaminami

Em 20 anos fazendo pregações de porta em porta, Maria Mônica da Silva Souza nunca imaginou que a marca registrada das Testemunhas de Jeová precisaria ser suspensa. Depois de dois anos em casa devido à pandemia de covid-19, ela e cerca de 10 mil religiosos em Mato Grosso do Sul esperaram ansiosamente por esta semana, em que puderam oficialmente voltar aos portões de moradores.

Às 8h45min desta quinta-feira (1), Mônica e um grupo com cerca de 20 pessoas se reuniram no Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, localizado na Vila Piratininga. Enquanto isso, outros religiosos também se encontraram em seus respectivos bairros para dar início ao retorno.

Com duplas definidas, cada testemunha saiu do salão com os encartes informativos e definiram quais ruas seriam visitadas. Ansiosa por sair dos telefonemas e cartas, Mônica manteve o sorriso desde o momento em que deixou a sede do grupo até quando recebeu alguns convites para conversar nos quintais das casas.

Nós nunca paramos com o trabalho bíblico, apenas passamos a fazer por ligações e escrita de cartas, mas não é a mesma coisa. Poder ver a reação das pessoas, conversar de perto é diferente, conta Mônica.

Apesar da ansiedade para voltar ser maior do que outros pensamentos, ela assume que as rejeições e negativas para as pregações provavelmente se manteriam as mesmas de antes da pandemia. E, contando que ainda assim escolhe seguir de porta em porta, Mônica narra que coloca suas crenças em primeiro lugar.

Confirmando o que ela e o grupo esperavam, a rotina dos portões se manteve parecida com o que já estavam acostumados. Enquanto alguns moradores não apareceram nas portas, outros agradeceram o convite para a conversa e parte fez o convite até para tomar café.

Também integrando o grupo, Diogo Charnoski, de 43 anos, explica que viu a receptividade das pessoas aumentar e voltar a cair durante a pandemia. “No início, quando começamos com as ligações, muitas pessoas agradeceram pelas palavras. Acredito que por estarem fragilizadas, com medo, viam os telefonemas como um conforto'.

Durante o passar do tempo, as ligações passaram a ser rejeitadas com mais frequência e, garantindo que a ideia do grupo não é gerar incômodo, Diogo explica que só tentam conversar com quem deseja.

E, mesmo com muita gente ansiosa para voltar às ruas, ele conta que as ligações e cartas irão continuar ativas. “Muitas pessoas, como idosos e enfermos, não conseguem fazer essa ação  e conseguiram aderir bem às ligações, por exemplo. Então elas irão continuar'.

Do outro lado

Sem fazer parte do grupo de Testemunhas de Jeová, do outro lado do portão, Soner dos Santos, de 65 anos, foi um dos moradores que aceitou conversar com uma das duplas. “Eu não acho que ouvir sobre Deus vai me fazer mal, então geralmente aceito falar com eles', diz.

Explicando que entende quem não aceita a visita, o morador do bairro Piratininga defende que, seja por qual for o motivo, a escolha é de cada um. “Têm pessoas que ficam com medo de conversar com estranhos, outras estão ocupadas, é normal. Eu mesmo conversei com eles pelo portão porque já estou de saída'.

Já sobre se incomodar, ele conta que não vê as visitas deste modo. Dividindo a opinião, Eva Matias, de 70 anos, foi uma das pessoas que convidaram as duplas para tomar café.

Para ela, ainda há necessidade de se cuidar em relação à covid-19 e, por isso, cada um precisa pensar em como está se sentindo. “Eu ainda me cuido, mas está melhorando, então convidei para entrar. Quando eu não conhecia eles ficava com receio, mas agora quando sei quem são já convido'.

Porta-voz do grupo regionalmente, Denner Mendes, de 36 anos, completa que todos sabem sobre possíveis rejeições e conta que alguns moradores não oferecem boas respostas. “Têm pessoas que reagem mal, mas nós respeitamos. Até porque não queremos incomodar ninguém. Muita gente desconhece o que fazemos, mas outras nos recebem, aceitam conversar. Tudo isso faz parte'.

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