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Domingo, 07 de dezembro de 2025

Do termo pejorativo ao insulto direto: jovem Terena busca justiça contra preconceito sofrido na universidade

Estudante de Direito da UEMS denuncia injúria racial por provocações de colegas em sala de aula.

02 de dez 2025 - 16h:54 Créditos: Redação, com informações do Midiamax
Crédito: Divulgação/UEMS Campo Grande

Uma aluna do quarto semestre do curso de Direito da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande, registrou um boletim de ocorrência por lesão racial contra dois colegas de turma. A jovem, da etnia Terena, afirma ter sido alvo de comentários ofensivos e estereotipados ao longo do ano letivo de 2024, culminando em uma acusação direta de burrice associada à sua origem indígena. O caso foi relatado na plataforma Fala BR, do governo federal, além do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e da Defensoria Pública, no mês de novembro passado.

Segundo o relato da vítima, as agressões verbais ocorreram logo no início do primeiro semestre, em março. Ela descreveu que um colega, então líder de sala, e um amigo costumavam debochar dela usando o termo "índio" de maneira depreciativa. Em uma ocasião, um professor interveio, corrigindo o uso da palavra e indicando termos mais adequados, como "indígena" ou "povos originários". Mesmo assim, as provocações continuaram. Um estudante lembra de um comentário debochado: "Fulano, nós vamos ser processados ??pelos índios", seguido de risadas, que ela atribuiu inicialmente à imaturidade.

As situações se intensificaram ao longo do ano. Em um episódio, ao entrar na sala usando um brinco representativo de sua cultura Terena, a jovem viu que o rapaz imitava gestos estereotipados de indígenas, batendo na boca, enquanto um colega ria. Ela optou por não reagir na hora. 

O ponto de ruptura ocorreu em novembro, durante uma prova optativa. A dupla apareceu para ela e disse: "Olha quem veio fazer a prova optativa", acompanhada de "os índios são burros", provocando gargalhadas. Outros alunos presentes testemunharam a cena e encorajaram a denúncia.

Especialistas em direito e diversidade racial apontam que casos como esse destacam a persistência do racismo estrutural em ambientes acadêmicos, onde estereótipos podem se manifestar de forma sutil. A UEMS, por meio de sua assessoria, informou que investiga o ocorrido e reforça políticas de combate à discriminação. O estudante busca justiça, enfatizando a importância de ações contra o preconceito para promover um ambiente universitário inclusivo.

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