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Sexta, 22 de novembro de 2024

Ibovespa cai e dólar sobe com tensão maior na Ucrânia e emprego nos EUA no radar

Relatório Payroll deve influenciar apostas de investidores sobre início de ciclo de alta de juros nos EUA

04 de mar 2022 - 09h:31 Créditos: CNN
Crédito: CNN

Ibovespa caía 0,42%, cotado a 114.684 pontos, por volta das 10h18 desta sexta-feira (4), refletindo um aumento de aversão a riscos dos investidores com um aumento de tensão na guerra entre Ucrânia e Rússia, ligada à usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia.

Também afetado por esse cenário, o dólar subia 0,66%, a R$ 5,061, no mesmo horário. Um dos focos dos investidores no dia é o relatório Payroll de emprego, que deve influenciar nas apostas sobre a alta de juros nos Estados Unidos já prevista para a reunião do Federal Reserve de março.

No Brasil, os investidores digerem o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, que veio acima das expectativas do mercado e fechou o ano com crescimento de 4,6%.

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O real tem sido favorecido por um fluxo de entrada de capital estrangeiro apoiado nos juros brasileiros altos, ativos na bolsa descontados e uma busca por mercados ligados a commodities em meio à alta dos preços desses produtos. O fluxo de estrangeiros na B3 – a bolsa brasileira – bateu recorde, com a entrada de mais de R$ 60 bilhões.

Na quinta-feira (3), o dólar caiu 1,62%, cotado a R$ 5,026. Já o Ibovespa fechou estável, com leve queda de 0,01%, aos 115.165,55 pontos.

Guerra na Ucrânia

O foco dos investidores segue na guerra na Ucrânia e os seus desdobramentos. Do ponto de vista econômico, o principal acontecimento envolvendo o conflito é a série de sanções anunciadas pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais.

Dentre elas estão a expulsão de bancos russos do Swift, um sistema global de pagamentos, e o congelamento de reservas do banco central da Rússia. Os países que apoiam a Ucrânia já afirmaram que devem implementar novas sanções contra a Rússia, que viu sua moeda, o rublo, despencar e atingir uma mínima histórica.

Ao mesmo tempo, a invasão pela Rússia continua, com novos ataques em Kharkiv, segundo maior cidade da Ucrânia, e Kiev, capital do país, que está cercada por tropas russas. As duas nações realizaram uma nova rodada de negociações na quinta-feira, mas com poucos avanços.

Aumentando a tensão, as forças russas assumiram o controle usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. O governo ucraniano informa que os reatores estão preservados, mas o alerta de risco segue ligado. A Agência Internacional de Energia Nuclear (IAEA, na sigla em inglês) diz que está pronta para mediar conversas entre Rússia e Ucrânia para estancar a possibilidade de um desastre sem precedentes.

Acompanhe a cobertura ao vivo da CNN sobre o conflito.

A guerra, e as chances de novas escaladas no cenário geopolítico, aumentam a aversão a riscos dos investidores e a busca pelo dólar. O índice DXY, que compara a moeda frente a outras, sobe nesta sexta-feira.

Já o VIX, chamado de “índice do medo” por tentar medir o grau de volatilidade do mercado, avança e ronda os 34 pontos, após chegar ao maior nível desde setembro de 2020.

Outra consequência da invasão é a alta nos preços de commodities, principalmente as ligadas à Rússia e à Ucrânia, caso do milho, trigo e do petróleo. O tipo Brent, referência da Petrobras para a política de preços, segue subindo e já ronda a casa dos US$ 115.

Commodities

A situação na Ucrânia reduz os benefícios para o real de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve.

O ciclo estava ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que levou a altas nos preços, reforçadas com a crise na Ucrânia. Por outro lado, intervenções do governo chinês no mercado têm gerado pressões de queda, em um sobe e desce na cotação.

No caso do petróleo, analistas já projetavam que ultrapassaria os US$ 100 ao longo do ano, o que ocorreu com a crise na Ucrânia. A commodity dos EUA saltou até 5,4% para US$ 116,57 o barril na quinta-feira — o maior comércio desde 22 de setembro de 2008.

O principal fator para a alta é o descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia, e o quadro foi intensificado com as tensões na Europa.

Outro fator que pesava nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado.

Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse a quarta-feira que o ciclo de alta de juros já anunciado está mantido mesmo com a guerra, sinalizando uma elevação de 0,25 ponto percentual em março.

*Com informações de Thais Herédia e da Reuters

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