
O aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) na proposta de reforma tributária beneficia todos, não só quem é isento.
Mas uma mudança em outra regra do IR fará parte dos contribuintes pagar mais imposto. Trata-se do fim do desconto de 20% para milhões de brasileiros que fazem a declaração simplificada. Com a reforma, só terá o desconto quem ganha até R$ 3.333 por mês.
Se as novas regras forem aprovadas pelo Congresso, um trabalhador com salário bruto de R$ 4.500, por exemplo, ficará sem restituição, de acordo com cálculos da Seteco Consultoria Contábil feitos a pedido do UOL.
Na prática, ele vai pagar R$ 1.057 a mais de IR do que paga hoje. A conta considera que o contribuinte não tem despesas com saúde, educação e previdência para deduzir. Já um empregado com salário bruto de R$ 3.500 pagará R$ 267 a menos.
O prejuízo para o contribuinte aumenta quanto maior é a renda. O empregado com salário bruto de R$ 5.500 teria um total de R$ 4.218 recolhidos na fonte. Se não apresentar deduções, ele também não conseguirá restituir nada, o que significa ter pago R$ 1.771 a mais em imposto.
Os cálculos levam em conta empregados que têm o imposto retido na fonte. Os que pagarão mais IR com a nova tabela podem diminuir o prejuízo comprovando gastos com educação, saúde e previdência privada, que podem ser abatidos. Mas isso é difícil para os trabalhadores que usam serviços públicos e consomem a maior parte da renda com alimentação, moradia, transporte e lazer.
O contribuinte que declara dependentes, como cônjuge ou filhos, também tem direito de abater R$ 2.275,08 por dependente.
Essa regra já existe e não foi modificada na proposta. Mas nem sempre incluir dependente na declaração é vantajoso, pois se o dependente tiver renda, o imposto pode ficar maior.