João Doria (PSDB), afirmou nesta quarta-feira (4) que o Ministério da Saúde entregou ao estado apenas metade do previsto no lote mais recente de vacinas da Pfizer contra a Covid.
Segundo a gestão estadual, foram repassadas 228 mil doses de um total de 456 mil a que SP teria direito na divisão proporcional os estados (o critério é o tamanho da população). Isso poderia comprometer o calendário já anunciado, especialmente na imunização de adolescentes (leia mais abaixo).
O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde para confirmar a informação, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportage
Assim, secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, protocolou um ofício junto ao Ministério da Saúde solicitando que as outras 228.150 doses que estavam previstas inicialmente sejam entregues em até 24 horas.
"O plano nacional de imunização é seguido de uma forma ética e planejada pelo governo do estado de São Paulo. O estado não poderia ter sido surpreendido por uma medida tão descabida. São 230 mil pessoas que passam a deixar de serem imunizadas", disse Gorinchteyn.
Doria ainda disse que São Paulo seguirá entregando ao governo federal as vacinas da CoronaVac previstas em contrato.
"Quero informar ao ministro Marcelo Queiroga que nós não faremos retaliação com o seu ministério. Hoje entregamos 2 milhões de doses da vacina do Butantan para o Ministério da Saúde pra vacinação de 2 milhões de brasileiros. Continuaremos a entregar a vacina do Butantan dentro dos prazos previstos."
Assim, no início de julho, o governo de São Paulo anunciou a compra de doses da vacina contra Covid-19 exclusivamente para a população do estado. A aquisição permitiu um avanço local mais rápido na campanha de imunização, em comparação a outras localidades.
A aquisição de 4 milhões de doses da CoronaVac, produzida pela Sinovac na China e entregue diretamente a SP, foi divulgada em 7 de julho. Desse total, 2,7 milhões de doses já foram entregues.
No entanto, como mostrou reportagem do G1, o contrato entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan para a aquisição de 54 milhões de doses da CoronaVac previa que o governo federal teria exclusividade para comprar todas as vacinas importadas da China ou produzidas no Brasil até que todas as 100 milhões de doses adquiridas pelo governo federal fossem entregues. Isso ainda ainda não ocorreu.
O governador João Doria foi questionado sobre a legalidade de comprar doses para São Paulo antes de entregar as vacinas adquiridas pelo governo federal. Ele reconheceu que há uma cláusula de exclusividade, mas argumentou que o contrato tampouco previa a antecipação das entregas por parte do Butantan.
Em coletiva nesta quarta, o coordenador-executivo do comitê estadual de combate à Covid-19, João Gabbardo, reconheceu que o avanço da vacinação no estado tem relação com a compra de doses extras da CoronaVac exclusivamente para São Paulo.
O médico declarou ainda que espera que a decisão do Ministério da Saúde de diminuir os repasses a São Paulo tenha sido um erro: "Eu espero que isso tenha sido algum engano do Ministério da Saúde, que possa ser corrigido e que possa ser o mais rápido possível enviado para São Paulo [o lote de doses da Pfizer]".
Frascos da vacina CoronaVac, contra a Covid-19. — Foto: WILLIAN MOREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO
A Pfzer para adolescentes, houve uma diminuição no repasse de doses da Pfizer ao estado de São Paulo pode afetar a vacinação de adolescentes, prevista para ter início em 18 de agosto. Até o momento, apenas esta vacina está liberada para uso em pessoas de 12 a 17 anos no Brasil.
Segundo a coordenadora do plano estadual de vacinação, Regiane de Paula, a segunda dose da Pfizer destinada a gestantes, que não podem receber outros imunizantes, está garantida. No entanto, a coordenadora reconheceu que a diminuição no repasse influencia a vacinação de adolescentes
Assim, o Plano Nacional de Imunização prevê que a vacinação de adolescentes deve ter início apenas depois que toda a população adulta for vacinada com pelo menos uma dose. Apesar disso, algumas cidades brasileiras, como Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, Niterói, no Rio, e Guajará-Mirim, em Rondônia, já começaram a vacinar adolescentes. Em comunicado oficial, o Ministério da Saúde disse que estados e municípios devem seguir rigorosamente o Plano Nacional de Imunização, "sob pena de responsabilização futura".