
Iniciados assim que o resultado da eleição foi sacramentado, no domingo (30), os bloqueios nas rodovias brasileiras já pesam no bolso dos sul-mato-grossenses nesta semana.
Empresários e especialistas afirmam que já há um desequilíbrio na oferta de produtos como frutas, verduras e legumes, além dos aumentos nos preços dos combustíveis, conforme publicado pelo Correio do Estado na edição do dia 2 de novembro.
Nas bancas e nos supermercados, é possível perceber a alta de alguns produtos, causada pela falta de fornecimento nas Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (Ceasa-MS) nos últimos dias.
O quilo da banana encareceu 18,8% em um pequeno intervalo de tempo, saindo de R$ 7,99 para R$ 9,50. Enquanto o quilo da batata ficou 87,5% mais caro entre o dia 29 de outubro e 3 de novembro, de R$ 4 foi a R$ 7,50.
O mestre em Economia Eugênio Pavão relata que houve uma queda de 50% na quantidade de caminhões que chegaram ao Ceasa-MS até esta quinta-feira (3). “E a quantidade de produtos caiu até 70%”.
Segundo ele, principalmente os mais perecíveis, estão trazendo altas que variam entre 50% e 80%. “Isso fará com que esses produtos [alface, cebola, batata, maçã, goiaba e principalmente o melão] elevem a inflação de novembro em Mato Grosso do Sul”, projeta.
O empresário Maurício Goiaba, proprietário de um sacolão há mais de 30 anos, explica que o fornecimento ficou parado na terça e na quarta-feira, por causa dos protestos nas rodovias do País.
“O dia de referência para compra é na segunda, e chega na terça em Mato Grosso do Sul. Na terça e na quarta não entrou nada, e nesta quinta entrou 40% do esperado”, revela.
O comerciante diz que o preço de alguns produtos deve sofrer fortes reajustes, sobretudo em mercados menores. “A prioridade é dada a mercados grandes, depois de abastecidos, os pequenos recebem”, comenta.
O professor de Economia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Mateus Abrita explica que ainda não é possível cravar o aumento no índice. “Geralmente, se prolongarem os bloqueios isso pode acontecer, sim”, avalia.
IMPACTO
Doutor em Economia, Michel Constantino comenta que, com a diminuição do fluxo de trânsito de cargas, é inegável que haverá reflexo nos preços. “O valor do impacto é difícil de estimar, mas há uma mistura de redução de oferta, oportunismo e alta demanda pelas pessoas que tomam decisões precipitadas”, analisa.
Goiaba conta que, na manhã desta quinta-feira, alguns produtos já foram impactados com preço bem acima do normal para a época. “Só a batata saiu de R$ 80 o preço da caixa para R$130. O tomate dobrou de preço, na semana passada custava R$ 60 e hoje foi comercializado a R$ 120”.
Segundo ele, é esperado aumento forte nos dois itens, da mesma forma, as hortaliças também serão impactadas. “[Hortaliças] a mesma coisa, porque 80% vêm de fora. Elas subiram uns 40%. Nesta semana, nenhum desses produtos volta ao normal”, revela.
O economista Márcio Coutinho comenta que esses produtos têm um prazo de validade pequeno e precisam ser comercializados o mais rápido possível.
“Por isso o transporte é feito de maneira constante. Eles são muito frágeis e fáceis de se deteriorarem. Então, se o produto fica parado, há falta dele, dessa forma, segue o aumento demanda; se a demanda é grande e a oferta é baixa, o preço tende a subir”, explica.
A economista Adriana Mascarenhas diz que o atraso das entregas de produtos foi temporário. “Foi impossível alguns alimentos e combustíveis chegarem, e, de fato, quando você tem o produto a ser entregue e a demanda continua, a possibilidade de aumento de preços é natural. Acredito que a tendência é de que a situação se normalize”.