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Domingo, 22 de dezembro de 2024

Dezembro Verde busca combater o abandono de animais; ato é crime e pode dar cadeia

O fim de ano, devido às férias e festas, é a época em que mais animais são largados na rua. Planejamento e responsabilidade são fundamentais antes de adotar um pet

04 de dez 2023 - 15h:33 Créditos: RPET
Crédito: Divulgação

O Dezembro Verde, criado no Brasil em 2015, mais especificamente no Ceará, pelo ativista Alex Paiva, tem o objetivo de conscientizar a população sobre o abandono de animais. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem cerca de 30 milhões de cães e gatos abandonados no Brasil. Além disso, o fim do ano é o período em que mais acontecem casos, chegando a 4 milhões de bichos largados, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtores para Animais de Estimação (ABINPET).

Para Carla Berl, veterinária e fundadora da rede Pet Care, isso acontece por alguns fatores, entre eles, o fato das pessoas adotarem um animal sem saber as reais necessidades dele e sem fazer um planejamento.

“Algumas pessoas preferem abandonar ao invés de educar e tratar questões comportamentais, como latidos em excesso, xixi e cocô fora do lugar, móveis estragados. Outras, simplesmente, abandonam se o animal fica doente ou se percebem que o bichinho vai atrapalhar; isso é comum de acontecer quando as pessoas casam, se separam, têm filhos ou mudam de cidade ou país. Em todas essas situações, falta comprometimento com a vida do animal. Portanto, fazemos um apelo: não tenha um pet sem antes refletir”, diz ela.

Fabiana Xavier, Diretora de Relacionamento da ONG Amigo Não se Compra, acrescenta ainda que muitos usam a 'justificativa' de datas comemorativas para abandonar um pet. "Nos feriados prolongados e férias, as pessoas abandonam, simplesmente, porque querem viajar. E nas datas comemorativas, abandonam porque receberam como 'presentes'", narra.

Animal não é presente

No final do ano, muitos escolhem presentear amigos e parentes com um filhote, o que não é o correto. “Cachorros e gatos não devem ser dados de presente, a menos que a outra pessoa esteja ciente da adoção, concorde e esteja preparada para cuidar de um pet por toda a vida”, explica Carla.

Fora isso, os pais que querem dar um pet aos filhos pequenos devem lembrar que é preciso responsabilidade e, claro, condições financeiras. Logo, eles que irão arcar com os cuidados.
"Problemas de saúde da família, que as pessoas atribuem à presença do pet, assim como os custos envolvidos com os cuidados são usados como motivos para as pessoas se desfazerem do animal", conta Telma Rocha Tavares, veterinária da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Abandonar animal pode dar cadeia


A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ressaltou que o abandono de animais é considerado crime, por meio da lei federal 9.605/1998. As notificações devem ser feitas aos órgãos de segurança pública e as denúncias podem ser realizadas por meio da Delegacia Eletrônica de Proteção Animal e Disque Denúncia Animal (0800-600-6428).

“A pena para quem comete esse crime é de dois a cinco anos de prisão, além da perda da guarda do animal. Essa pena pode ser aumentada caso ocorra a morte do cão ou gato abandonado”, complementa Carla. “Se presenciar alguém abandonando, denuncie. Fotografe, filme e salve áudios, que servirão como provas”, completa.

Vale ressaltar que a Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ), da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), é um órgão de saúde pública e não realiza resgate de animais sadios abandonados. “De acordo com lei municipal nº 15.023/2009, a DVZ remove cães e gatos sem proprietário, encontrados soltos em vias e logradouros públicos, nas seguintes situações: casos comprovados de agressão, invasão comprovada a instituições públicas, locais em situação de risco à saúde pública ou animais em estado de sofrimento, sendo priorizadas as situações em que existe risco à saúde humana”, informa o órgão.

Será que estou pronto para ter um pet?

Um cão ou gato pode viver 15 anos, ou mais, em média. Por isso, antes de adotar, é preciso pensar se existem condições físicas, materiais e emocionais de cuidar, e também refletir se a longo prazo será capaz de manter esse compromisso.

Para facilitar, Carla sugeriu que o futuro tutor responda a quatro questões: “Terei condições financeiras para proporcionar boa alimentação, banhos, vacinas anuais e atendimento veterinário sempre que necessário?”; “Conseguirei ter um local apropriado e seguro para ele morar, atendendo às suas necessidades emocionais e físicas?”, “Conseguirei ter tempo para brincar, fazer carinho e me dedicar ao meu cachorro ou gatinho?” e “Sou capaz de assumir um compromisso por toda a vida, independente das mudanças e imprevistos que acontecerem?”.

“Se você respondeu ‘sim’ para todas as perguntas, parabéns, você está pronto. Se respondeu ‘não’ ou 'depende', é melhor aguardar”, ensina a veterinária.

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