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Quinta, 26 de dezembro de 2024

Guerra na Ucrânia deve causar alta no preço da carne no Brasil, dizem consultorias

Variação está relacionada ao custo dos grãos usados na ração animal, que já subiram até 5% desde o início do confronto no Leste Europeu

05 de mar 2022 - 10h:49 Créditos: CNN
Crédito: CNN

O preço da carne no Brasil deve registrar uma alta ao longo dos próximos meses, como consequência da pressão econômica mundial causada pela guerra na Ucrânia.

A projeção é de especialistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério da Economia, e da consultoria do seto agropecuário Safra & Mercado.

A proteína é impactada pela instabilidade nos preços das commodities agrícolas, que sobem desde o início do confronto no Leste Europeu, iniciado há quase duas semanas.

Principais insumos utilizados na ração animal, o milho e o trigo tiveram uma alta 5% e 3% nos preços, respectivamente, no mercado interno.

Já a soja, apesar do custo se manter estável no período da guerra, a commodity segue muito valorizada desde o fim do ano passado e com preços recordes no Brasil.

“Vamos ter um impacto direto no custo de produção dessas commodities no Brasil, que são a base para a produção de ração animal. E no curto prazo, não há produção dentro do país que substitua os insumos importados. Dessa forma, para os produtores, restam duas alternativas: ou eles mantêm a mesma quantidade de fertilizantes, o que encarece o custo e pode reduzir a margem de lucro, ou os produtores reduzem os fertilizantes para conseguirem preços mais competitivos, mas, neste caso, com prováveis perdas de produtividade”, disse a doutora em Economia e pesquisadora associada do Ipea, Ana Cecília Kreter.

Apesar da expectativa que a subida no preço atinja todas as carnes, os especialistas apontam um aumento mais acentuado no custo da proteína suína e no quilo do frango.

De acordo com Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, a alimentação de ambos os animais representa a parcela mais dispendiosa para o setor.

Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sinalizam que a nutrição das galinhas e dos suínos concentra cerca de 80% do custo total do empresário. Em relação ao gado, a alimentação soma aproximadamente 25%.

“A maior parte da nutrição do frango e dos suínos é o carboidrato, no caso o milho. Para a alimentação desses animais, o milho é o mais utilizado disparado. E logo esse grão foi muito afetado por toda a questão da guerra na Europa. O trigo é o substituto para o milho, mas o insumo também registra altas consideráveis.

A alimentação do frango e do porco é constituída 70% por milho. Os outros 30% são farelo de soja, que também apresenta um aumento. Já quando falamos do boi, nós conseguimos ter uma alimentação mais diversificada”, explicou Iglesias.

A pedido da CNN, o especialista da Safras & Mercado também fez uma projeção para o segmento no Brasil.

Para ele, o impacto no custo da proteína animal no país dependerá diretamente do tempo de duração dos ataques russos à Ucrânia.

O setor vai precisar urgentemente de ajustes produtivos para coibir ao máximo a alta desses produtos. Os grãos estão subindo muito de preço por causa da guerra.

E o custo no Brasil tende a crescer ainda mais em função de outro motivo: com a menor oferta mundial, que foi causada pelo conflito, a exportação no país virou uma realidade.

Esses ajustes produtivos seguem no radar do mercado para que haja correção na rota, principalmente no custo dos suínos e do frango”, finalizou Fernando Iglesias.

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