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Domingo, 22 de dezembro de 2024

Governo segue sem definição para Petrobras após desistências de Adriano Pires e Rodolfo Landim

Um dos cotados é Caio Paes de Andrade, secretário do Ministério da Economia; Bolsonaro tem preferência por um militar no posto

05 de abr 2022 - 15h:56 Créditos: R7
Crédito: R7

Em meio a uma crise gerada pela desistência de dois nomes escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro, as indicações para a presidência da Petrobras e para o Conselho de Administração da estatal seguiam sem definição até o início da tarde desta terça-feira (5). Interlocutores do governo relatam que um dos novos cotados para a vaga de presidente é o secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade.

Andrade foi nomeado para o posto em agosto de 2020, com a saída de Paulo Uebel. O secretário estava à frente do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), cargo que assumiu em fevereiro de 2019. Ele, que é empreendedor em tecnologia de informação, mercado imobiliário e agronegócio, tem entre os seus feitos a implantação da plataforma gov.br.

No entanto, o secretário não tem experiência no setor de gás e petróleo, o que pode ser empecilho para a indicação. Andrade é ligado ao ministro Paulo Guedes e próximo ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além de ser bem-visto no Planalto.

Por enquanto, o Ministério de Minas e Energia avalia os nomes e ainda não enviou à Petrobras a lista com os novos indicados. Bolsonaro se reúne às 14h com o ministro da pasta, Bento Albuquerque, para discutir a situação da estatal. Os novos substitutos, contudo, precisam ser referendados pela assembleia-geral da empresa, prevista para o dia 13 de abril.

Duas desistências

Nesta segunda-feira (4), o consultor Adriano Pires, que havia sido indicado para a presidência da Petrobras, comunicou ao Palácio do Planalto sua desistência, alegando conflito de interesses, uma vez que é sócio-diretor de uma empresa que atende diversos clientes do setor de energia e infraestrutura do país.



"Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura, consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo", relatou em carta enviada ao ministro de Minas e Energia.

"Ao longo da minha carreira, sempre lutei pelo desenvolvimento do mercado brasileiro de óleo e gás. Venho defendendo publicamente a importância de regras de mercado e do aumento da competição, em prol do consumidor e da sociedade, do crescimento do país e do incentivo aos investimentos", completou.

A desistência de Pires, que virou alvo de um pedido de investigação feito pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União justamente pela eventual irregularidade, ocorreu na esteira da abdicação de Rodolfo Landim, presidente do Flamengo e indicado ao Conselho de Administração da Petrobras.



O empresário desistiu do cargo um dia após o Flamengo perder para o Fluminense no Campeonato Carioca. Landim destacou que a indicação, feita por Bolsonaro, é uma honra, mas que resolveu abrir mão dela e dedicar seu tempo e esforço ao clube carioca.

"Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informá-lo que resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo o meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo", disse.


Militar no comando

O presidente Jair Bolsonaro prefere que o cargo continue sendo exercido por um militar. Com a desistência dos preferidos pelo chefe do Executivo nacional, o comando da Petrobras segue indefinido. De qualquer forma, o nome escolhido, se aprovado pela assembleia-geral, será o substituto do general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo chefe do Executivo no fim de março.

Após a demissão, o general defendeu sua gestão à frente da estatal e as decisões adotadas, alvo de críticas por parte do governo em razão dos sucessivos repasses dos aumentos dos combustíveis ao consumidor.

Bolsonaro não concorda com a forma como a petroleira gerencia as políticas de preços. A  Petrobras utiliza a PPI (Política de Paridade Internacional), o que faz com que os preços da gasolina, do etanol e do óleo diesel acompanhem a variação do valor do barril do petróleo no mercado internacional, bem como a do dólar.

O aumento recente dos preços dos combustíveis e a demora na queda dos valores do litro da gasolina e do diesel geram desgaste para o governo e podem prejudicar a campanha política de Bolsonaro, que tentará a reeleição em outubro deste ano.

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