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Sábado, 09 de novembro de 2024

Veja os riscos do peeling de fenol, 'cirurgia química' feita em homem que morreu em SP

Técnica pode levar ao escurecimento permanente da pele e gerar cicatrizes que comprometem o funcionamento de partes do rosto. Substância também pode afetar o sistema cardíaco.

05 de jun 2024 - 09h:35 Créditos: G1
Crédito: Divulgação

Caracterizado por ser uma cirurgia química, o peeling de fenol é um procedimento que consiste na aplicação de uma solução cáustica que provoca a queimadura e descamação da pele. Apesar de ser uma técnica antiga utilizada para suavizar rugas e manchas, pode trazer diversos riscos à saúde.

Em São Paulo, o empresário Henrique Silva Chagas, de 27 anos, morreu após realizar o procedimento na segunda-feira (3). O peeling foi feito na clínica de uma esteticista e influenciadora.

Emerson Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), explica que a técnica causa uma queimadura profunda na pele e que exige cuidado.

"Atualmente, há muito pouca seriedade com relação a esse procedimento. É preciso sempre ter em mente que ele pode gerar complicações", analisa.

Os especialistas também alertam que o peeling não é a solução para todos os tipos de problema de pele e não é indicado para todos. Segundo a coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Edileia Bagatin, o procedimento deve ser feito somente por profissionais especializados.

Nesta reportagem, você entende os seguintes pontos sobre as consequências do peeling de fenol:

  • Exposição ao sol depois da realização do procedimento pode levar ao escurecimento da pele;
  • Cicatrizes deixadas pela técnica podem ser permanentes e prejudicar o funcionamento de estruturas do rosto;
  • Além das consequências estéticas, a substância pode causar problemas como a alteração da frequência cardíaca e até a morte.

Risco de manchas permanentes

Por ser um procedimento que gera uma queimadura profunda, ele exige um cuidado alongado no período pós-operatório.

"O rosto é queimado de maneira controlada, mas, no processo de cicatrização, a pele fica avermelhada, condição que pode durar por até três meses", explicada Emerson Lima.

Nos 15 dias que se seguem à cirurgia, o paciente enfrenta a descamação do local onde a solução foi aplicada. A pele começa a se soltar, formando uma casca no rosto.

Nesse processo, há um alto de risco de manchas permanentes na pele, caso não haja o devido cuidado. Os especialistas alertam que a exposição ao sol, por exemplo, pode escurecer a região de maneira irreversível.

Lima também comenta que, se o procedimento não é realizado da forma adequado, pode deixar a pele esbranquiçada.

Um ponto ressaltado pelos dois especialistas é que a técnica deve ser aplicada somente em algumas situações específicas.

"O peeling não é indicado para resolver todos os problemas de pele. No caso de quem tem melasma, por exemplo, são pessoas com peles com tendência a manchas e o procedimento pode piorar ainda mais o problema", alerta Emerson.

Comprometimento de estruturas do rosto

Outro risco apontado pelos dermatologistas é o de surgimento de cicatrizes permanentes depois do processo.

De acordo com Edileia Bagatin, a cirurgia é recomendada somente para rugas, e não funciona para suavizar cicatrizes, podendo agravar as marcas.

Além da questão estética, as cicatrizes podem ser profundas a ponto de gerar alterações funcionais, isto é, comprometer o funcionamento de estruturas do rosto.

"Quando o procedimento não é realizado corretamente, pode fazer com que a pessoa tenha dificuldade para movimentar as pálpebras ou abrir a boca com naturalidade", exemplifica o dermatologista Emerson Nunes.

Consequências para o sistema cardíaco

Além das consequências estéticas de manchas e cicatrizes permanentes, o peeling de fenol pode ser prejudicial para o sistema cardíaco. Isso porque a substância é considerada cardiotóxica, ou seja, tem um efeito nocivo no funcionamento do coração.

O fenol pode provocar alterações na frequência cardíaca, levando à arritmia e, até, a uma eventual parada cardíaca, caso o quadro não seja monitorado.

"O procedimento pode ser feito em ambulatório se a concentração for menor apenas em área da face, mas o paciente precisa estar sempre monitorado", recomenda Edileia Bagatin.

Considerando os riscos da técnica, os dermatologistas também lembram que o procedimento não é indicado para todas as pessoas.

Entre os grupos considerados de risco, eles destacam:

  • Pessoas com problemas cardíacos ou pressão arterial descontrolada, pela probabilidade de a substância sobrecarregar o coração;
  • Pessoas de fototipo alta, isto é, pele mais morena, pelo risco de hiperpigmentação inflamatória e aparecimento de manchas esbranquiçadas na pele.

"Por isso, o procedimento precisa ser realizado por um médico que consiga intervir em caso de qualquer complicação, durante ou depois da cirurgia", recomenda Emerson Lima.

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