Durante audiência de custódia realizada na tarde de ontem (5), em Dourados, a Justiça decretou a prisão preventiva do indígena Geraldo Vera Guarani Kaiowá, de 55 anos. Ele é acusado de ter atirado contra o segurança particular Wagner André Carvalho, no confronto entre indígenas e seguranças armados, no dia 3 de janeiro.
O segurança foi atingido no tórax durante ataque de seguranças privados à retomada Nhu Vera, nos arredores da reserva indígena de Dourados. Como noticiado pelo O Vigilante na época, a vítima foi levada ao hospital, passou por cirurgia e recebeu alta médica dias depois.
Segundo o Campo Grande News, ontem, Geraldo negou que realizou os disparos contra Wagner.
A defesa
Feita pela defensoria pública da União, a defesa do indígena argumenta que a prisão preventiva foi decretada a despeito da “pouca plausibilidade do flagrante”, e que irá recorrer da decisão, pedindo a soltura do morador.
Ainda de acordo com o Campo Grande News, algumas testemunhas indígenas alegam que a prisão de Geraldo ocorreu sob circunstâncias suspeitas e criminosas. Chegam a afirmar também que ele foi sequestrado antes de ser encaminhado à carceragem da Polícia Federal pela Força Nacional.
Um índio que preferiu não se identificar, disse que por volta das 11h da última quarta-feira (4), Geraldo estava em casa com a esposa, e chegaram cinco homens armados, o imobilizaram e depois o conduziram para um contêiner que serve como base aos seguranças particulares das propriedades rurais.
“Eram cerca de cinco. Uns estavam com a farda e outros não. Eles pegaram o Geraldo e levaram para o contêiner. Geraldo se machucou, levou pancada. Vieram de caminhoneta. Como eu estava com o Geraldo e a mulher dele, mandaram eu virar de costas e correr, isso na ponta do revólver, socaram a arma na minha cara, e deram uma porrada na mulher do Geraldo, que hoje fez exame de corpo de delito”, conta.
O morador afirma que correu para ligar para as lideranças, parentes e Força Nacional, que conforme o indígena foi buscar Geraldo Vera no contêiner e de lá o levou à sede da Polícia Federal.
“É crime bárbaro que estão fazendo. Fiquei assustado, meteram o revólver na minha cara. Corri para chamar os parentes e ligar para as lideranças”, relata.
A defensoria pública informou que Geraldo Veras segue na carceragem da Polícia Federal, mas não há previsão de quando ele será transferido para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados). A expectativa é de que a defensoria consiga reverter a decisão antes de uma possível transferência.