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Domingo, 22 de dezembro de 2024

Unidades sentinelas de coronavírus começam a funcionar em aldeias de Dourados

Índios com sintomas de gripe terão de procurar postos de saúde da Bororó e Jaguapiru, mas testagem em massa só após surgir 1º caso

06 de mai 2020 - 10h:33 Créditos: Campo Grande News
Crédito: Moradores aguardam atendimento no posto de saúde da aldeia Jaguapiru, nesta manhã (Foto: Direto das Ruas/Campo Grande News)

Começam a funcionar nesta quarta-feira (6) as unidades sentinelas para identificar casos suspeitos do novo coronavírus na reserva indígena de Dourados, a mais populosa de Mato Grosso do Sul, com pelo menos 18 mil moradores das etnias guarani, kaiowá e terena.

Os quatro postos de saúde da reserva – dois na Aldeia Bororó e dois na Aldeia Jaguapiru – estão preparados para coletar exames de pessoas com sintomas de síndrome gripal. A ação é feita em conjunto entre a Secretaria Estadual de Saúde e o Dsei (Departamento de Saúde Especializada Indígena), com apoio da prefeitura. De acordo com a assessoria da Saúde estadual, atualmente não há casos de coronavírus em moradores das aldeias de Mato grosso do Sul.

Inicialmente a procura pelos exames será voluntária. A ação iniciada hoje é chamada de etapa pré-caso, ou seja, o monitoramento da entrada do coronavírus nas aldeias para permitir medidas rápidas.

Por semana serão coletadas nos postos dez amostras de swab (haste longa de plástico com algodão nas pontas) em pacientes indígenas com sintomas de síndrome gripal para ser feito o exame que detecta onze vírus respiratórios. O objetivo é detectar qual vírus está circulando na aldeia.

Conforme a Secretaria de Saúde de MS, essa é a primeira etapa. A segunda etapa começará quando for confirmado o primeiro caso de covid-19 entre os índios. A partir desse momento começará a testagem em massa na população indígena através de testes rápidos e também o chamado RT-PCR (considerado mais preciso) para isolamento domiciliar.

A Saúde reforça que a coleta será por demanda espontânea. Pacientes com sintomas de doenças gripais que procurarem os postos passarão pelo teste.

Enfermeiros indígenas ouvidos pela reportagem afirmam que nesta manhã o movimento ainda é pequeno nos postos. A coleta já foi feita ontem em uma moradora da Bororó e nesta quinta outra pessoa da mesma aldeia procurou a unidade com sintoma de gripe.

Desde março, profissionais de saúde e lideranças das aldeias de Dourados fazem barreiras nas entradas da reserva e ações entre os moradores para prevenir contágio por covid-19. “Estamos orientando os moradores para evitar aglomerações e identificando os desconhecidos que chegam à aldeia, cobrando que usem máscara e luvas”, afirmou ao Campo Grande News o capitão da Aldeia Jaguapiru, Isael Morales.

A enfermeira Indianara Machado Ramires coordena força-tarefa pra impedir que o novo coronavírus atinja a reserva de Dourados. Segundo ela, são grupos grandes que dividem moradias pequenas ou compartilham o mesmo terreno, o que dificulta o isolamento.

Outro desafio nas aldeias de Dourados é a constante falta de água para abastecer a comunidade e de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para os profissionais de saúde, o que obriga as equipes a revezarem equipamentos para não trabalhar sem proteção. 

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