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Quarta, 04 de dezembro de 2024

Polícia Civil prende suspeitos da morte de bebê em ritual de magia negra

Crime teria acontecido em uma aldeia indígena de Miranda, sob supervisão dos pais, em fevereiro deste ano

06 de ago 2021 - 10h:21 Créditos: Linckon Lopes
Crédito: Divulgação/Polícia Civil

Em investigação conjunta dos departamentos de Polícia Civil de Miranda e Aquidauana, foram presos na última quinta-feira (5) pela manhã um casal e dois curandeiros indígenas acusados de envolvimento na morte de uma criança de apenas 9 meses de idade, em fevereiro deste ano. No momento do óbito, o bebê estava envolto em um terço e coberto de marcas de queimadura feitas por cigarro, circuladas com tinta vermelha.

O casal, de 33 e 34 anos, e os dois curandeiros, de 33 e 30 anos, confessaram participação e foram indiciados por homicídio qualificado, por emprego de meio cruel. Segundo informações dos agentes de segurança pública, os curandeiros saíram de uma aldeia localizada na região do distrito de Taunay, Aquidauana, em direção ao local do crime, em Miranda, onde fizeram rituais de magia negra em um “santuário” durante quatro dias.

Na época, a morte da criança levantou muitas suspeitas sobre a maneira como teria acontecido. Ela chegou a ser levada pelos pais ao hospital de Miranda para, segundo eles, receber tratamento contra “sapinho”. 

Além do fato de não apresentar sintomas da doença, também conhecida como candidíase oral, a enfermeira que fez a triagem constatou que o bebê já havia falecido há pelo menos 40 minutos. Também causou estranheza nos funcionários a reação dos pais com a notícia do óbito, que teria sido extremamente fria e incompatível com a perda de um filho.

As investigações corriam em sigilo há meses, desde quando o laudo necroscópico da vítima apontou morte por infecção generalizada, “provavelmente decorrente da lesão na inguinal (região da virilha)”. Em entrevistas preliminares feitas pouco após o ocorrido, os pais deram informações contraditórias aos policiais e chegaram a relatar que as feridas apareceram “do nada”, todas em um só dia. 

Apenas nestas fases avançadas da apuração foi que eles confessaram ter levado o filho para a dupla de curandeiros, que tinha o intuito de promover a “cura” por meio de diversos rituais que duravam 1 hora, em média.

Um dos suspeitos afirmou que as queimaduras com pontas de cigarros serviam para invocar entidades e que a caneta vermelha, utilizada para circular as lesões, era consagrada. No quarto dia de rituais, momento em que o bebê apresentou febre e inchaço abdominal, ele foi levado à outra curandeira, que deu sequência à série de tratamentos ineficazes até o momento em que foi avisada pelo “santo” que a solução do problema “não era mais com ele”.

As ações que levaram à solução do caso e às prisões foram resultado da Operação Magia Negra, que contou com o apoio do Departamento de Polícia de Aquidauana.

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