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Quarta, 17 de abril de 2024

De 2010 a 2020, o Brasil registrou 783 mil casos de sífilis adquirida, com crescimento significativo da doença.

Sociedade de Dermatologia acredita que casos estão subnotificado no Brasil, já que a pandemia afastou pessoas de consultas médicas

06 de out 2021 - 10h:24 Créditos: R7 Redação
Crédito: Imagem da Web

Casos de sífilis chegam a 783 mil na última década, mostra pesquisa

Sociedade de Dermatologia acredita que casos estão subnotificado no Brasil, já que a pandemia afastou pessoas de consultas médicas

De 2010 a 2020, o Brasil registrou 783 mil casos de sífilis adquirida, com crescimento significativo da doença. Em 2010, foram 3,925 mil ocorrências dessa infecção e, uma década depois, o número subiu para 152,9 mil, total 39 vezes maior.

Quase no mesmo ritmo, a taxa de detecção cresceu 34 vezes. Em 2010, foram 2,1 registros por grupo de 100 mil habitantes e, em 2019, 72,8. As informações foram levantadas pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), com base em dados do Ministério da Saúde.

Entre janeiro de 2018 e junho de 2020, o Brasil acumulou mais de 360 mil casos de sífilis. Segundo a SBD, tal quadro pode não retratar a realidade do país, uma vez que a pandemia da Covid-19 tem impacto negativo na realização de consultas e exames de prevenção para esta e outras doenças.

Com isso, diz a SBD, milhares de pacientes não procuraram os serviços de saúde ao manifestar sinais e sintomas de sífilis. De acordo com a entidade, o quadro de subnotificação compromete as estratégias de enfrentamento desse problema de saúde pública.

“Muita gente não tem conseguido fazer uma consulta ou exames em caso de suspeita da doença. Também não são poucos os que têm receio de ir a um posto de saúde ou hospital por medo de maior exposição ao vírus da Covid-19. Um exemplo desse impacto no comportamento aparece na diminuição da participação das mulheres no pré-natal", afirmou o vice-presidente da SBD, Heitor de Sá Gonçalves, confirmando que a pandemia de Covid-19 afetou as notificações de sífilis no país.

Ele disse à Agência Brasil que, com isso, deixaram de ser detectados muitos casos, o que deve impactar no aumento dos casos de sífilis congênita, ou seja, quando a criança já nasce com a doença. "A pandemia também tem atrapalhado o processo de busca ativa de contactantes no Brasil”, acrescentou.

Segundo Gonçalves, a Covid-19 fragilizou estratégias de prevenção e combate à sífilis, bem como a procura de tratamento para outras doenças. “Cabe aos gestores, médicos e à população recuperar o terreno perdido e reativar as baterias para que essa doença seja diagnosticada e tratada de forma precoce”, afirmou o médico, ao destacar a dificuldade de acesso a serviços de saúde públicos e privados durante a pandemia, porque muitas unidades passaram a se dedicar apenas ao tratamento da Covid-19.

Para ele, isso contribuiu para reduzir a assistência à doença, os diagnósticos e as notificações. "Temos, no mínimo, cerca de 30% de abstenção de notificação: o que era 100 passou a ser notificado só 70. Como resultado, as pessoas continuam doentes, não iniciam o tratamento e continuam transmitindo”, o que poderá resultar, mais à frente, em descontrole da sífilis, com grande aumento dos índices de transmissão.


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