
Joe Biden, reuniu 40 líderes mundiais na Cúpula do Clima para discutir medidas de redução de gases de efeito estufa (GEEs) que a crise climática exige. Na ocasião, Biden anunciou que as emissões americanas serão reduzidas pela metade até 2030 a partir dos valores de 2005. Seguindo os anúncios de compromissos climáticos feitos por outros países, além de se comprometer a eliminar o desmatamento ilegal até 2030, o Brasil declarou que antecipará para 2050 a meta de neutralizar as emissões até 2060. O compromisso de neutralizar as emissões já havia sido feito em dezembro de 2020, quando o Brasil revisou suas metas, conhecidas como NDCs (Nationally Determined Contributions).
Uma das revisões foi a eliminação dos Planos Setoriais, o que foi um acerto, por serem muito genéricos e sem metas objetivas. Apenas para citar um exemplo, a meta para o setor agropecuário – que é o segundo setor que mais emite GEEs no Brasil, atrás apenas dos desmatamentos – era “fortalecer o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC)”.
Outra revisão foi a alteração do valor da linha de base de emissões totais em 2005 com a manutenção dos compromissos de redução, decisão que foi interpretada como manobra para diminuir a meta brasileira de forma indireta. As emissões totais declaradas na COP em Paris – e que definiram o compromisso brasileiro – eram da ordem de 2,1 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e) e passaram para 2,8 bilhões de tCO2e, um aumento de 33%, mas foram mantidos os compromissos de redução anteriores: 37% e 43% até 2025 e 2030, respectivamente. A fim de manter a meta inicial, as reduções precisariam ser de 53% e 57%, respectivamente.
Embora os países tenham manifestado compromissos para reduzir suas emissões, elas serão insuficientes para impedir o aumento da temperatura global. Um estudo da ONU (Emissions Gap Report 2020) concluiu que o mundo caminha para um aumento de temperatura superior a 3°C neste século. Este patamar vai muito além das metas do Acordo de Paris, que busca manter o aumento do aquecimento global em 1,5°C. Especialistas apontam que o mundo precisa de metas mais ambiciosas.