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Quarta, 03 de julho de 2024

'Fantasia não é convite': veja dicas de proteção e ações contra assédio no carnaval

'Período de muita alegria, mas não de abuso. Todas as leis continuam valendo'.

07 de fev 2024 - 16h:56 Créditos: g1
Crédito: Governo do RJ combate assédio no carnaval — Foto: Rafael Campos/Divulgação

Em meio à folia, os casos de importunação sexual tendem a aumentar, segundo especialistas: beijos forçados, toques não autorizados e até casos mais graves de abusos.

Para combater essas violências contra a mulher, a Ronda Maria da Penha, da Guarda Municipal do Rio, tem atuado desde o início do ano em blocos e vai estar também nos desfiles da Sapucaí.

"Há muitos relatos de homens que ficam à espreita em banheiros químicos e de estabelecimentos buscando encontrar alguém mais vulnerável. É necessário muito cuidado porque eles buscam, infelizmente, o crime de estupro. Se possível, peça sempre para alguém ir com você", destaca Erica Paes, especialista em segurança feminina.

"Infelizmente, ainda existem homens que acreditam ter poder e direito sobre o corpo de uma mulher. Fantasia não é convite, nem dá consentimento ao homem para ultrapassar os limites."

Especialistas separou dicas de proteção:

  • Cuidado com copos - prefira embalagens fechadas e copos térmicos com tampas;
  • Só entre em transportes de aplicativos autorizados, evite os clandestinos;
  • Em cada vagão do metrô, há dois botões de emergência. Quando acionados, o maquinista para, pergunta o que está acontecendo e solicita que um segurança vá até você;
  • No transporte público, evite sentar nos assentos mais próximos das janelas - facilita caso precise sair do local rápido;
  • Evite estar sozinha em meio à folia e mantenha contato com amigos e familiares.

“É um período de muita alegria, mas não de abuso. Todas as leis continuam valendo. Beijos forçados, puxões de braço ou cabelo, qualquer tipo de violência os agentes precisam ser acionados para que as vítimas sejam acolhidas e protegidas, além dos agressores responsabilizados”, afirma a líder operacional da Ronda da Maria da Penha, Glória Maria Bastos.

Durante as rondas são distribuídos panfletos informativos que explicam os tipos de violência que se enquadram na lei Maria da Penha, além das patrulhas e equipes para casos emergenciais – como prisões em flagrante.

Veja violências que se enquadram na Maria da Penha — Foto: Elaboração própria/g1
Veja violências que se enquadram na Maria da Penha — Foto: Elaboração própria/g1


“Infelizmente, em 2022, foram mais de 27 mil casos de importunação sexual registrados nas delegacias, a gente precisa combater essas violências, que são muito recorrentes no carnaval. A gente precisa mudar essa história”, destaca Glória.

Respeite o não

O Governo do RJ também realiza uma campanha contra assédio e importunação, que tem como slogan o “Ouviu um NÃO? Respeite a decisão”. O projeto tem como objetivo alertar os homens sobre ações que configuram crimes.

O protocolo inclui a divulgação do QR Code do app Rede Mulher, ferramenta que oferece orientações para a segurança das mulheres, incluindo o botão de emergência que liga a vítima diretamente à Central 190, da Polícia Militar.

A Patrulha Maria da Penha da PM atuará de 9 a 13 de fevereiro em blocos e desfiles. São 46 equipes espalhadas por todo o estado. Em 2023, 5 prisões foram feitas pelas equipes, a maior parte por descumprimento de medidas protetivas expedidas pela Justiça.

Na capital, as equipes estarão presentes na Marquês de Sapucaí e na Intendente Magalhães durante os desfiles das escolas de samba.

A Polícia Civil conta com 14 Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) no estado, todas abertas 24 horas por dia. As unidades têm equipes capacitadas para fazer o acolhimento das mulheres no momento de fragilidade.

A delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher do Centro do Rio alerta que em casos de assédio, a vítima deve acionar a PM e registrar o boletim de ocorrência em qualquer delegacia mais próxima.

“O machismo estrutural por si só, já coloca as mulheres em situação de vulnerabilidade, e o nosso trabalho é combater qualquer forma de violência contra a mulher, independente da época do ano”, destaca a delegada Alriam Miranda Fernandes.

Entre as dicas de proteção, o ideal é estar entre amigos de confiança e evitar pessoas desconhecidas. Uma das estratégias usadas por pessoas mal-intencionadas é a aproximação corporal – muitos usam abraços e beijos para roubar ou assediar.

Ter atenção com copos também é essencial – embalagens com tampas são mais recomendadas, por dificultar que alguém coloque alguma substância, de acordo com a delegada.

Érica Paes e integrantes do Programa Empoderadas, durante ação de prevenção e conscientização na Sapucaí — Foto: Divulgação
Érica Paes e integrantes do Programa Empoderadas, durante ação de prevenção e conscientização na Sapucaí — Foto: Divulgação


‘É dever de todos intervir’, diz secretária

Para a secretária de Mulher do Rio, é dever de todo folião e foliã ajudar a disseminar informações de conscientização e intervir caso presencie alguma violência – nesse caso, em "briga tem marido e mulher" tem que meter a colher.

“A violência contra mulher e assédio é um tema que nos atravessa todos os dias, incluindo nas grandes festas como o carnaval. É missão de todo folião e foliã disseminar essas informações, se você vir alguma mulher sofrendo assédio ou violência, que possamos informá-la e intervir”, destaca Joyce Trindade.

Secretaria da Mulher faz campanha de combate a assédio no carnaval — Foto: Divulgação/Secretaria da Mulher
Secretaria da Mulher faz campanha de combate a assédio no carnaval — Foto: Divulgação/Secretaria da Mulher

A Secretaria da Mulher estará presente nos blocos de rua disponibilizando leques, tatuagens temporárias e adesivos com o intuito de conscientizar a população sobre o combate ao assédio, pelo segundo ano.

A pasta também terá um espaço de atendimento na Marquês da Sapucaí e no carnaval da Intendente Magalhães para acolher mulheres em situação de violência. Além disso, todos os banheiros da Sapucaí serão adesivados com imagens que trazem informações sobre como e onde pedir ajuda em casos de violência.

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