A busca pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) chegou nesta quinta-feira (7) ao 23º dia sem pistas concretas do paradeiro de Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento. A fuga passa - em número de dias de buscas - a do assassino em série Lázaro Barbosa, em junho de 2021, em Goiás.
Em comum, as operações nos dois casos contaram com forças-tarefa com muitas equipes e, também, com a ousadia dos fugitivos. Relembre abaixo algumas das fugas, no Brasil e no exterior, que deixaram as autoridades por semanas, meses e até anos em busca dos fugitivos.
Relembre outros casos:
Lázaro Barbosa (2021)
Tempo de fuga: 20 dias
Motivo: procurado por assassinatos em série
O assassino em série Lázaro Barbosa foi responsável por uma das mais emblemáticas buscas a criminosos em território brasileiro. Ele tinha 32 anos e, segundo as investigações, matou quatro pessoas de uma família em Ceilândia no dia 9 de junho de 2021. Ele fugiu para Cocalzinho de Goiás em um carro roubado e passou a se esconder na mata.
A polícia divulgou que o fugitivo era suspeito de mais de 30 crimes em Goiás, Bahia e Distrito Federal. Entre eles, estavam homicídio, estupro e roubo.
As buscas por Lázaro contou com uma força-tarefa com mais de 270 agentes.
Durante as buscas a Lázaro, policiais chegaram a trocar tiros com ele. Uma família foi feita refém e resgatada da mata sem ferimentos. No 20º dia, após uma longa operação, ele entrou novamente em confronto com policiais em Águas Lindas de Goiás e morreu após ser baleado.
Danilo Cavalcante (2023)
Tempo de fuga: 14 dias
Motivo: fuga da prisão
Condenado a prisão perpétua nos Estados Unidos, o brasileiro Danilo Cavalcante fugiu de uma penitenciária na Pensilvânia e deixou os moradores da região em pânico. Preso por matar a ex-namorada, Danilo escalou as paredes da prisão para fugir.
A captura ocorreu no 14º dia das buscas após uma megaoperação que envolveu 500 policiais, a participação do FBI e o fechamento de escolas e parques. Mesmo assim, Cavalcante conseguiu caminhar por 38 quilômetros, roubar uma van e um rifle e trocar tiros com um morador.
Paulo Cupertino (2019-2022)
Tempo de fuga: 1.072 dias
Motivo: investigação de triplo homicídio
O ator Rafael Henrique Miguel, de 22 anos, e seus pais foram assassinados a tiros em São Paulo. O Ministério Público apontou como atirador o comerciante Paulo Cupertino Matias, pai da namorada do jovem.
Rafael interpretou o personagem Paçoca na novela "Chiquititas" e atuou em um famoso comercial em que uma criança pede brócolis à mãe. Ele também atuou em novelas como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e o especial de fim de ano “O Natal do menino imperador”.
Cupertino ficou quase três anos foragido e se tornou o número 1 na lista de criminosos mais perigosos de SP.
Segundo a investigação, ele usou nomes falsos, passou por mais de 300 endereços no Brasil, no Paraguai e na Argentina até ser detido em um hotel em Interlagos, na Zona Sul da capital paulista.
Além de ocultar seu rosto com chapéu e máscaras, o empresário tinha outra técnica para evitar ser reconhecido: nunca olhava para as câmeras do hotel. No quarto, policiais encontraram, além de roupas, uma bengala, três chapéus, lentes de contato azuis e uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsificada.
Roger Abdelmassih (2011-2014)
Tempo de fuga: 1.157 dias
Motivo: investigação por estupro e atentado violento ao pudor
O ex-médico Roger Abdelmassih foi preso em agosto de 2014 na cidade de Assunção, no Paraguai, após não se apresentar à polícia em 2011. Ele foi condenado em 2010 a 278 anos de reclusão por estupro e atentado violento ao pudor contra 37 vítimas. Após ter um habeas corpus revogado, ele tentou renovar o passaporte, o que sugeria a fuga.
Depois da condenação e da fuga, passou a ser um dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. A recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil.
Ele foi preso por agentes ligados à Secretaria Nacional de Antidrogas do governo paraguaio, com apoio da Polícia Federal brasileira.
Leonardo Rodrigues Pareja (1995)
Tempo de fuga: 39 dias
Motivo: sequestro de adolescente
Em 1995, Leonardo Rodrigues Pareja, aos 21 anos, assaltou um hotel na Bahia e fez uma adolescente refém durante três dias. A vítima tinha 16 anos e era sobrinha do então senador Antônio Carlos Magalhães. Após libertar a garota, ele passou mais de um mês fugindo.
Depois de percorrer três estados, se entregou em Goiás, mas não ficou longe dos holofotes:
- já preso, o criminoso comandou uma rebelião que durou seis dias;
- na rebelião, Leonardo fugiu e levou seis reféns;
- durante a fuga, ele parou em um bar, deu autógrafos e comprou cigarros e bebidas;
- foi recapturado um dia depois.
Pareja foi morto na cadeia em 1996 após informar à direção da unidade sobre um plano de fuga de alguns presos.
Jorgina de Freitas (1992-1997)
Tempo de fuga: aproximadamente 1.970 dias
Motivo: fraude na Previdência Social
A advogada e procuradora Jorgina de Freitas foi responsável, nos anos 1990, pela maior fraude contra a Previdência Social ocorrida no Brasil. Condenada em julho de 1992 a 14 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, ficou foragida até 1997, quando foi encontrada na Costa Rica e extraditada no ano seguinte.
O esquema de desvio de verbas de aposentadorias foi estimado US$ 500 milhões, segundo a Procuradoria-Geral do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Posteriormente, a Advocacia-Geral da União afirmou que a fraude foi da ordem de aproximadamente R$ 2 bilhões.
O esquema ficou conhecido como o “escândalo da previdência”. A advogada foi presa em fevereiro de 1998 no Brasil e, em 2001 perdeu o direito à prisão especial com a cassação do registro da OAB. Foi transferida para uma cela com outras detentas no presídio Nelson Hungria, no Complexo Frei Caneca, também no Rio.
Em junho de 2010, uma sentença declarou extinta a pena. O alvará de soltura foi expedido no mesmo mês e Jorgina conseguiu a liberdade. Ela morreu em 2022 após ser internada por causa de um acidente de carro ocorrido em 2021.
Paulo César Farias (1993)
Tempo de fuga: 133 dias
Motivo: investigação por sonegação fiscal e falsidade ideológica
Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello, foi indiciado em 41 inquéritos criminais e teve sua prisão decretada em 31 de junho de 1993, meses depois do impeachment do ex-presidente. Acusado de ter montado uma rede de tráfico de influências e corrupção no governo federal, PC Farias negou seu envolvimento e fugiu do Brasil.
Após ter a prisão decretada, Paulo César Farias deixou o Brasil em julho de 1993 em um bimotor paraguaio pilotado por Jorge Bandeira, sócio de PC Farias. Após diversas escalas, desembarcou em Buenos Aires, de onde, dias depois, seguiu para um destino desconhecido.
O tesoureiro da campanha de Fernando Collor só seria localizado após 130 dias, em Londres. No dia seguinte à exibição da matéria no Jornal Nacional noticiando o paradeiro de PC Farias, o governo brasileiro pediu sua extradição. A polícia londrina tentou, então, capturar PC Farias, mas não conseguiu encontrá-lo. Ele tinha fugido para a Tailândia e foi preso no país asiático em 29 de novembro.
Julgado, foi condenado a quatro anos de prisão por sonegação fiscal e a sete por falsidade ideológica. Cumpriu um terço da pena e, em 28 de dezembro de 1995, recebeu liberdade condicional. Em 1996, PC Farias foi assassinado. Seu corpo foi encontrado ao lado do da namorada, Susana Marcolino, em sua casa de praia, em Maceió.