Foram 15 gols e nove assistências. Participação fundamental na volta do clube carioca para a Série A. Ainda sem os bilhões de John Textor, os dirigentes não quiseram pagar salário de R$ 100 mil mensais para que renovasse. Depois, ofereceram R$ 150 mil, diante do pedido de R$ 200 mil.
Mas era tarde, o Palmeiras se interessou. E levou o jogador 'de graça', já que seu contrato terminou no dia 31 de dezembro de 2021. Acertou luvas e salários, em um contrato de quatro anos. A média que o atacante de 21 anos embolsa é de R$ 300 mil mensais.
Abel Ferreira recebeu a indicação do jogador do executivo Anderson Barros, ex-gerente de futebol do próprio Botafogo. Foi apresentado como uma aposta para a camisa 9, o centroavante que o português tanto deseja.
O Palmeiras fez um levantamento do potencial do jogador. Ótimo cabeceador, definidor. Sabe fazer muito bem o pivô. Um centroavante clássico dos anos 70.
Mas, muito jovem, não conseguiu se soltar, mostrar confiança, como no Botafogo, em que era festejado com sua camisa 99.
Abel Ferreira tem trabalhado muito com o jogador. Sabe que a possibilidade de contratar um atacante diferenciado, que sirva de referência, é pequena. Pela diretoria não querer gastar muito em contratações. Ainda efeito da pandemia.
E Navarro vem melhorando.
Mas o treinador português acreditava que ele precisava marcar para readquirir confiança.
Entrou em 12 partidas. Não havia feito um gol sequer.
Até que veio o jogo perfeito. Contra o fraquíssimo Deportivo Táchira, na Venezuela. Ontem, com sete titulares poupados, para se recuperarem do desgaste das finais do Paulista, que o clube conquistou. E Navarro entrou no segundo tempo, no lugar de Gabriel Veron.
Marcou logo no primeiro minuto. O atacante desviou cruzamento de Mayke e estufou as redes de Varela. Ele saiu muito feliz, passando a mão pelo corpo, como se tivesse se livrado da falta de sorte que o teria perseguido. E como referência na área que marcou seis minutos depois.
Ao dar um carrinho e não conseguir desviar a bola para as redes, levantou-se e cabeceou com perfeição, no cruzamento de Wesley. Era o quarto gol do Palmeiras, que já havia marcado com Dudu e Raphael Veiga.
Se não fosse a boba expulsão de Jaílson, aos 21 minutos, Navarro teria mais chances. Com dez, goleando, o Palmeiras foi menos ofensivo.
A estreia do bicampeão da Libertadores serviu para aumentar o recorde, são 16 partidas sem derrotas como visitante. E também para logo abrir vantagem no Grupo A, muito fácil. Além do Deportivo Táchira, Independente Petrolero, da Bolívia, e o equatoriano Emelec.
Mas para a diretoria, a torcida e a imprensa lembrarem que o clube tem um centroavante.
Pode não ser Cavani, como muitos conselheiros apostavam, quando Leila Pereira assumiu a presidência, mas tem um definidor.
E que será bem mais útil, com a saída de Deyverson, confirmada pelo próprio Abel Ferreira.
"Ele (Navarro) sabe que nós confiamos nele, é um jovem jogador. Veio com um projeto a longo prazo. Nós queríamos contratar dois centroavantes, isso não é novidade para ninguém. O Deyverson está no fim do seu contrato, um ciclo que está terminando. Ele sabe disso, porque o clube já o informou. O Navarro é um projeto com tempo, paciência e calma", ainda no final da primeira fase do Paulista.
O jogador foi o mais abraçado, quem mais comemorou a vitória na Venezuela.
Estava aliviado.
Mas ainda segue sob a desconfiança da torcida palmeirense.