A médica neurologista Cláudia Soares Alves, 42 anos, foi indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica. Nessa terça-feira (6), a Polícia Civil divulgou a conclusão do inquérito que investigou o sequestro de uma recém-nascida na maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, no triângulo mineiro, na noite de 22 de julho. A médica foi presa em flagrante poucas horas depois com a criança na cidade de Itumbiara, no Estado de Goiás.
De acordo com a Polícia, inicialmente a médica foi autuada por sequestro qualificado, mas ao longo das investigações surgiram novas evidências que apontaram para os outros crimes. Conforme as investigações, a médica teria premeditado a adoção ilegal de uma criança e teria entrado em contato com pessoas de outros estados em busca de famílias em situação vulnerável com crianças recém-nascidas para serem adotadas fora do trâmite legal. Nessas buscas, conforme a Polícia, ela teria utilizado dados falsos.
Os levantamentos revelaram ainda que Cláudia havia se inscrito no Cadastro Nacional de Adoção e conseguido uma avaliação positiva no processo de aptidão psicológica, que teria utilizado uma documentação fornecida por ela. A médica também teria mentido para familiares e amigos dizendo que estava grávida e chegou a adquirir um enxoval para o bebê.
No dia do crime, a médica teria utilizado o crachá para entrar no hospital se passando por funcionária, foi até a maternidade e abordou um casal. Ela se apresentou como pediatra e examinou a mãe e a recém-nascida. E disse aos pais que levaria o bebê para ser amamentada. Ela teria colocado a criança dentro de uma mochila e saiu do hospital. No próprio carro, seguiu para Itumbiara, cerca de 134 quilômetros de Uberlândia. Imagens de câmeras de segurança ajudaram as polícias civis de Minas e de Goiás a localizar a médica. A criança foi resgatada e devolvida aos pais.
Cláudia Soares está presa preventivamente em um presídio em Goiás. A defesa alega que a médica sofre de transtornos mentais e que faz tratamento. E no dia do sequestro ela teria sofrido um surto psicótico por não ter tomado a medicação. A defesa solicitou a Justiça um exame de incidente de insanidade que será elaborado por um médico psiquiatra e avaliado pelo juiz.
Conforme a legislação brasileira, a pena por tráfico de pessoas pode chegar a oito anos de prisão e por falsidade ideológica cinco anos de prisão.