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Sexta, 22 de novembro de 2024

Frete reduz até 55% no Estado, mas pode subir com o corte na produção de petróleo

Os fretes terão reduções médias de 2,89% a 3,68%. Em Mato Grosso do Sul

07 de out 2022 - 09h:51 Créditos: Correio do Estado
Crédito: Correio do Estado

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou na edição de quarta-feira (5) do Diário Oficial da União a nova tabela de preços mínimos dos fretes rodoviários, que considera a queda recente no diesel. Os fretes terão reduções médias de 2,89% a 3,68%. Em Mato Grosso do Sul, a queda de preços em um mês foi de até 55%. 

Ao mesmo tempo, uma coalizão de nações produtoras de petróleo, incluindo a Rússia, anunciou a redução da produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia. A medida deve aumentar os preços dos combustíveis fósseis em todo o mundo e, consequentemente, o preço do frete voltará a subir. 

Em nota, a ANTT informou que cumpriu a Lei 14.445/2022, que determina a correção da tabela sempre que o valor do diesel oscilar mais de 5%, para baixo ou para cima. 

O economista Fábio Nogueira analisa que a decisão de corrigir a tabela do frete pode ser um pouco precipitada, caso se faça uma leitura mais cuidadosa do mercado mundial.  

“Pode ser uma retaliação aos países do ocidente essa medida, e a verdade é que, com oferta menor, os preços no mercado mundial devem aumentar. Por isso a decisão da ANTT talvez não seja a melhor no momento”, afirma. 

O corte da produção mundial de petróleo reflete na lei da oferta e da demanda, explica o economista Marcio Coutinho.

“Com menor oferta do produto, a tendência é de que o preço aumente. Com isso, as empresas que dependem de petróleo certamente têm um custo maior: se a Petrobras vai repassar para nós, não saberia dizer com certeza”. 

O mestre em Economia Eugênio Pavão diz que a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe dificuldades para os países importadores de petróleo. “Esse corte vem na contramão da expectativa da economia mundial e traz problemas para as economias mais fracas. A Petrobras deverá se posicionar diante desse quadro, aumentando os preços ou os subsídios na economia interna”. 

“Em relação ao Brasil, a estratégia de conter a inflação com a baixa de preço via tributos, como o ICMS [Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços], tem um tempo de duração. Em condições normais, pós-eleições essa tendência de alta será acelerada pela alta dos produtos, pois o Brasil necessita de diversos tipos de variações do petróleo cru”, finaliza Pavão.

 Custo do Frete

Levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que transportar grãos de São Gabriel do Oeste (MS) a Maringá (PR) ficou 55,7% mais barato no período de um mês. Em julho, o custo por tonelada era de R$ 203,50, e passou a R$ 90,00 em agosto. 

Já de São Gabriel do Oeste a Santos (SP) a queda foi de 14,5%, saindo de R$ 353,60, em julho, para R$ 302, em agosto. 

De Dourados ao Porto de Paranaguá, no Paraná, o preço se manteve estável no período, saindo de R$ 248 para R$ 248,75. 

Enquanto o custo por tonelada transportada da cidade sul-mato-grossense a Rio Grande (RS) custava R$ 305 em julho, em agosto ele foi a R$ 276 – redução de 9,5%. 

 

A mesma queda pôde ser notada pelo produtor da região de Maracaju com o preço do frete com destino ao porto de Porto Murtinho recuando 9,5% – de R$ 90,67 foi a R$ 82. Já de Maracaju a Maringá o custo por tonelada transportada custava R$ 162,70 e foi a R$ 150,17 (-8,3%).

 

Segundo o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros em Mato Grosso do Sul (Sindicam-MS), Osni Belinati, a redução só prejudica o trabalho do trabalhador autônomo.  

“Fica difícil trabalhar. Mas, como sempre, o caminhoneiro tem contas a pagar. Ele tem que estudar e selecionar a carga. Depende dele. Como acontece há anos e anos, a corda arrebenta no elo mais fraco, o autônomo”, lamenta.

 Preços ao consumidor

O litro do diesel vendido ao consumidor final também apresentou redução em Mato Grosso do Sul. Em comparação com o mês de julho, no qual o preço atingiu o maior patamar deste ano, o litro do óleo diesel comum recuou R$ 0,94, saindo de R$ 7,30 em julho para R$ 6,36 na última pesquisa (realizada entre 25 de setembro e 1º de outubro) pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), uma retração de 12,8%. 

No caso do óleo diesel S10, a queda notada é de 11% ou R$ 0,83 por litro – saindo de R$ 7,49 para R$ 6,66 no mesmo período.  

Para encher um tanque de um caminhão com capacidade para 300 litros e que utiliza a versão comum do combustível, o gasto caiu de R$ 2.190 para R$ 1.908 no intervalo de julho a outubro.  

Diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto explica que as duas reduções anunciadas recentemente pela estatal já estão impactando os preços ao consumidor final.  

“Ocorreu uma redução no produto diesel que já foi repassada nas bombas, principalmente nos postos de rodovias, onde o produto é mais consumido”, relata.  

Em 5 de agosto, a Petrobras anunciou a primeira revisão para baixo no preço do diesel em pouco mais de um ano. A segunda foi anunciada no dia 19 de setembro.  

Apenas as quedas seriam responsáveis por R$ 0,44 de redução no intervalo de dois meses. (Colaborou Rodrigo Almeida)

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