Com ações de infraestrutura e desenvolvimento aliadas ao avanço da conclusão da Rota Bioceânica, que vai ligar o Brasil ao Paraguai, por meio das cidades de Porto Murtinho e Carmelo Peralta – diminuindo a distância para conexões comerciais dos dois países, e também Argentina e Chile, via Oceano Pacífico –, a cidade sul-mato-grossense vai receber um porto multifuncional.
O projeto, que vai contribuir para transformar a região em um grande hub logístico, foi apresentado hoje (7) ao governador Eduardo Riedel durante encontro com o presidente da PTP, Guillermo Misiano e executivos da empresa PTP Group, responsável pelo empreendimento.
O grupo é o maior operador no Rio Paraguai, com uma série de portos no Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil, além da Espanha.
“É uma empresa relevante no sistema de cargas, que faz toda a operação ao longo do Rio Paraguai, em diversos produtos. A PTP já adquiriu a área e apresentou os projetos ao governo do Estado para instalação de um porto multifuncional”, explicou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), que participou do encontro.
“Nós agora estamos trabalhando para obter as licenças governamentais para o processo. Estamos trabalhando muito forte com as licenças ambientais. E também as licenças nacionais, na Secretaria dos Portos, Marinha, que estão muito avançadas. O governador está muito interessado em como vai avançar o projeto”, explicou o presidente da PTP, Guillermo Misiano.
Assim que obter as licenças ambientais, a empresa deve começar a construção que tem previsão de conclusão da primeira fase até o fim do próximo ano.
“Vai interferir positivamente e o mais positivo vai ser porque o projeto da PTP não é só para escoamento de grãos, mas também para importação de fertilizantes, adubos, e vamos ter a possibilidade de operar com contêiner também na primeira etapa. Porque a primeira etapa tem projetado dois cais, um para operação de grãos, exportação, e um segundo para operação de descarga de fertilizantes. Então eu acho que vai ser muito importante porque vai complementar a oferta que tem o Mato Grosso do Sul, que tem um enorme potencial de operação em Porto Murtinho”, disse Misiano.
A empresa tem plano de trabalhar com granel e contêiner, e futuramente com combustíveis. “Então tanto para exportação, que pode exportar celulose, grãos, milho, soja, toda essa estrutura. Como na questão da importação, foi apresentado um projeto para trazer fertilizantes, então isso seria importante para o Mato Grosso do Sul. E desenvolvendo toda essa região portuária”, disse Verruck.
A expectativa é que seja feita a operação com fornecimento de fertilizantes, o caminhão que leva grãos até Porto Murtinho tem a possibilidade de retornar com carga. “Então todo o circuito passa a ser mais competitivo, mais barato para o produtor, que vai ter a possibilidade de ter melhor preço para seus grãos e comprar os fertilizantes mais barato que com as opções atuais”.
Com foco na expansão portuária, o Governo do Estado já planejava incrementar as operações na região, com foco na Rota Bioceânica, que tem como diferencial a ligação rodoviária e hidroviária.
“O desenvolvimento portuário de Porto Murtinho é extremamente importante para consolidar esse grande hub logístico que a cidade tem capacidade de gerar. Então nós estamos falando já em 2026, se dentro do cronograma, esse porto vai estar instalado e já operando em Mato Grosso do Sul”, finalizou Verruck.
Rota
A ponte da Rota Bioceânica, que liga o município de Porto Murtinho (Brasil) a Carmelo Peralta (Paraguai), estava com 52% das obras concluídas e com previsão de finalização em novembro de 2025 – até o último balanço divulgado no dia 5 de julho. O Consórcio Pybra - responsável pela construção da ponte -, destacou que a obra envolve mais de 150 trabalhadores diretos e 450 indiretos.
A obra do acesso que liga a BR-267 até a ponte internacional com aproximadamente R$ 472 milhões em investimentos já está licitada e a previsão é de que tenha início nos próximos meses.
Localização privilegiada
A hidrovia Paraguai-Paraná é um dos trechos mais extensos e importantes da navegação interior internacional. Percorre quase metade da América do Sul, totalizando 3.442 km navegáveis, sendo 1.720 km em terras brasileiras, passando por cinco países: Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Localizada na região hidrográfica do Paraguai, tem seu início no município de Cáceres, interior de Mato Grosso, com trechos nas fronteiras entre Brasil e Bolívia e entre Brasil e Paraguai. Passa pelo território paraguaio até a confluência com o rio Paraná, continua por Rosário, em território argentino, até alcançar o oceano Atlântico, em Nova Palmira, no Uruguai.
Com grande potencial logístico, Mato Grosso do Sul possui um setor sucroenergético robusto e consolidado com 19 usinas em operação. Usinas de álcool, biodiesel e etanol com grande competitividade nos mercados nacional e mundial.
Além dos combustíveis, conta ainda com elevado transporte de soja e outras cargas diversificadas para o escoamento, tais como: fertilizantes líquidos, grãos, derivados de milho, açúcar e contêineres.