A juíza Monique Rafaele Antunes Krieger, da comarca de Rio Brilhante, decretou a prisão preventiva do motorista Ozéias Lima de Alencar Junior, 26, que assumiu ser o dono de 338 quilos de cocaína apreendidos terça-feira (5) por policiais da Defron (Delegacia de Fronteira), na BR-163. A carga foi avaliada em R$ 17 milhões.
Os tabletes da droga no estágio puro e 400 celulares contrabandeados do Paraguai estavam escondidos sob o assoalho do ônibus (veja o vídeo acima). De propriedade de empresa de turismo de Dourados, o veículo levava pequenos comerciantes para fazer compras no bairro do Brás, em São Paulo.
Em depoimento na Defron, Ozéias confessou ter escondido a cocaína no compartimento oculto sob o assoalho do ônibus e disse que havia sido contratado por R$ 200 mil para entregar a droga na capital paulista. Ele se negou a revelar quem foi o contratante e para quem entregaria a cocaína em São Paulo, mas a polícia suspeita de envolvimento de facções criminosas.
Como motorista auxiliar, Ozéias também tinha a responsabilidade de cuidar da manutenção e revisão dos ônibus e vans da empresa. Há alguns dias, alegando que o ônibus estaria com problema no câmbio e precisava ser levado à oficina, ele conta que dirigiu o veículo até o local (não revelado) em Dourados, para a instalação do compartimento oculto.
Morador no Jardim Márcia, em Dourados, Ozéias assumiu ter colocado os tabletes de cocaína e os celulares no compartimento do ônibus na segunda-feira (4). Ele afirmou que o outro motorista, os donos da empresa e os passageiros não tinham nenhuma ligação com a droga e o contrabando.
Segundo Ozéias, quando chegassem à capital paulista, pretendia aproveitar o momento em que o outro motorista estivesse descansando para levar o ônibus até o ponto de encontro para entregar a cocaína e os celulares.
Mais uma vez se negando a revelar quem havia entregado a carga e também para quem entregaria em São Paulo, Ozéias de Alencar Junior afirmou que seus contratantes deixaram a cocaína e os celulares em um veículo estacionado em determinado ponto de Dourados. Ele pegou o carro, levou até o local onde escondeu a droga no ônibus e depois deixou o veículo no mesmo lugar. Segundo a Defron, só os celulares valem em torno de R$ 350 mil.
A defesa de Ozéias, feita pelo escritório Saldivar Advogados, de Dourados, pediu a liberdade provisória dele alegando que, solto, o motorista não representaria nenhum risco à ordem pública e ao andamento do processo. Já o Ministério Público se manifestou pela prisão preventiva.
“A conduta é concretamente grave, revelando a periculosidade do agente [Ozéias], diante da exorbitante quantidade de droga apreendida (mais de 338 kg), bem como pela natureza da substância entorpecente em questão, de alta potencialidade lesiva, engenhosamente oculta em um ‘alçapão’ do ônibus”, afirmou a juíza ao decidir pela prisão preventiva.