Crédito: Acessoria Perfil no Instagram está vendendo abertamente “cartões de terceiros”, ou seja, cartões de crédito que estão no nome de outras pessoas. O crime não se trata de uma clonagem, quando o cartão de uma vítima é duplicado, mas do uso indevido de dados pessoais.
Para alcançar um número maior de vendas, os criminosos fizeram até mesmo um post patrocinado. Esse é um recurso pago do Instagram que direciona uma publicação para usuários que podem ter mais interesse em um determinado produto ou serviço.
Dezenas de cartões e várias máquinas para pagamentos são exibidos em uma mesa enquanto o suposto vendedor faz a propaganda: “Quem quiser pegar o cartão de terceiros é só chamar no privado. Eu trabalho na transparência mostrando meu nome, meu número, a data e meu material”.
Para tentar atrair mais interessados, vídeos de supostos clientes também são postados. “Confia! O cara é firmeza, promete e cumpre”, diz um homem segurando um cartão sem nem esconder o rosto. A publicação teve mais de 750 visualizações.
Existe uma alternativa para quem não quiser receber um cartão, mas ter apenas o dinheiro na conta. Nesse caso, é feita uma transação em uma maquininha e na sequência é solicitada a antecipação do valor para a empresa que administra o serviço. A quantia é enviada por Pix.
Com uma grande quantidade de notas de R$ 50 e R$ 100, uma voz feminina diz: “Acabei de sacar meu Pix de R$ 6 mil. Muito obrigada”. A postagem feita em 13 de setembro teve mais de mil visualizações.
"A estratégia mais provável é que esses criminosos tenham usado o número do RG e do CPF de outras pessoas para abrir contas laranjas e fazer a emissão desses cartões com o próprio banco”, explica Spencer Sydow, o presidente da Comissão de Direito Digital da OAB-SP.
Dados divulgados pelo Dfndr lab, laboratório de cibersegurança da PSafe, revelam que mais de 4.6 bilhões de credenciais foram vazadas somente nos seis primeiros meses de 2021. Nesse ritmo, o Brasil registra uma média de um golpe financeiro a cada 6 segundos.
Segundo Spencer, o golpe da venda de cartões de terceiros faz três vítimas: o banco, a operadora de cartão de crédito e a pessoa que teve os dados utilizados para abrir a conta.
Além dos envolvidos no esquema, os clientes também podem ser responsabilizados. “A pessoa que compra esse cartão está cometendo o crime de estelionato, ou seja, um golpe para obter uma vantagem patrimonial”, diz Sydow. "Quem compartilha um vídeo utilizando esses cartões ou sacando o dinheiro no caixa eletrônico também está cometendo o crime de apologia ao crime", completa.



