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Segunda, 09 de junho de 2025

Bolsonaro precisa ter coragem e mudar preços da Petrobras, diz líder dos caminhoneiros

Conhecido como Chorão, ele solicitou, formalmente, há alguns dias ao governo federal o fim da paridade internacional do valor do petróleo para reajustar os combustíveis no mercado interno

09 de mar 2022 - 10h:39 Créditos: MS News
Crédito: Ms News

Presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e líder da greve dos caminhoneiros de 2018, Wallace Landim disse à CNN nesta terça-feira (8) que o presidente Jair Bolsonaro “precisa ter coragem' e mudar a política de preços da Petrobras.

Conhecido como Chorão, o líder dos caminhoneiros solicitou, formalmente, há alguns dias ao governo federal o fim da paridade internacional do valor do petróleo para reajustar os combustíveis no mercado interno.

“Até quando vamos ficar atrelados ao preço internacional? O presidente precisa ter coragem e retirar a paridade. Já demorou muito para fazer isso. O povo está sofrendo há três anos', afirmou Chorão à CNN.

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O líder dos caminhoneiros diz esperar que as declarações de Bolsonaro em relação a uma possível mudança na política de preços da Petrobras saiam, de fato, do papel. “Temos que lembrar que o povo brasileiro não recebe em dólar', afirmou.

Na manhã da segunda-feira (7), Bolsonaro afirmou que a paridade internacional do preço do petróleo é resultado de uma “legislação errada' e que repassar o aumento do barril de petróleo ao consumidor é “inadmissível'.

O presidente disse ainda que o governo estava buscando uma solução “de forma bastante responsável'. “Se você for repassar isso tudo para o preço dos combustíveis, você tem que dar aumento em torno de 50% nos combustíveis. Não é admissível', disse o presidente.

Chorão, que liderou a greve durante o governo Michel Temer (MDB), rechaçou ainda a efetividade de um programa temporário de subsídio dos preços dos combustíveis, a exemplo do implementado por Temer em 2018 para dar fim à paralisação. “Não estamos procurando um novo subsídio. Queremos uma solução.'

O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico

O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI

Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar

Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção

A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da média de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70

Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80

A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento (dezembro de 2021), o preço da gasolina já subiu 70% ante 2020

A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia

Ao que tudo indica, porém, a mudança na política de preços da Opep+ deve ocorrer apenas em 2022, com os países membros aproveitando para se recuperar das perdas em 2020

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