A menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, segue no CTI e em estado grave de saúde. A informação foi divulgada no fim da tarde deste sábado (9), em beoletim médico do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde a criança está internada.
"A Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde, informa que a paciente foi encaminhada para a unidade com perfuração em região cervical esquerda, além da lesão em couro cabeludo, região occipital esquerda amolecida. A paciente segue entubada no CTI do hospital e seu estado de saúde é grave", informou o documento.
Heloísa foi baleada na última quinta-feira (7), dentro do carro da família, no Arco Metropolitano na altura de Seropédica, na Baixada Fluminense. O autor do disparo é um policial rodoviário federal, que afirma que ele e colegas perseguiram o veículo depois de constatar que o carro era roubado.
A criança estava no carro com os pais, a irmã de 8 anos e uma tia quando disparos foram efetuados contra o veículo. Os parentes disseram logo após o fato que o tiro partiu de agentes da PRF, o que foi admitido pelo autor do tiro.
Pai da menina baleada, William Silva, que dirigia o veículo, disse que passou pelo posto da PRF em Duque de Caxias e não foi abordado em nenhum momento, mas percebeu que uma viatura da polícia passou a segui-lo e ficou muito próximo ao seu carro.
“A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos”, explicou ele.
O que dizem os agentes
Três policiais rodoviários federais estavam na viatura no momento da abordagem: Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva.
Em depoimento na 48 ª DP (Seropédica) Fabiano admitiu que efetuou os disparos. Ele afirmou que atirou depois que ouviu um barulho de tiro.
Fabiano disse que ele e dois colegas começaram a perseguir o veículo depois que foi constatado que o carro era produto de um roubo. O agente disse que "depois de 10 segundos atrás do veículo", os policiais "escutaram um som de disparo de arma de fogo, chegando a abaixarem-se dentro da viatura"
Ele admitiu que efetuou três disparos com um fuzil calibre 556 na direção do Pegeaut onde a criança estava com a família "pois a situação lhe fez supor que disparo que ouvira veio deste veículo". O agente admite que os disparos atingiram a menina e conta que socorreu a vítima em sua viatura ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes.
Assim como Fabiano, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva afirmam que o giroflex e sirenes da viatura que usavam no momento da abordagem estava ligado. Também afirmaram que tiveram a impressão que estavam em uma troca de tiros.
O carro era mesmo roubado ?
Segundo a polícia, o carro, um Pegeaut Passion 207 cinza, tem, de fato, um gravame (registro em um sistema nacional) de furto desde agosto de 2022. O motorista e pai da criança, William Silva, disse que comprou o veículo este ano de um amigo e que não sabia que estava irregular.
O homem que vendeu o carro a William também foi ouvido pela polícia. Ele também tinha comprado o veículo usado e também afirmou que não havia informações sobre roubo no site do Detran quando ele adquiriu o carro. Afirmou que William pagou R$ 5 mil em espécie pelo veículo, mais um Fiat Palio no valor de R$ 2 mil, um Fiat Uno sem motos, também no valor de R$ 5 mil mais 10 parcelas de R$ 750.