Com pessoas postando suas vidas de forma maquiada nas redes sociais, fica fácil achar que a grama do vizinho é sempre mais verde. A cada minuto são vídeos e fotos de viagens, carros caros, sucesso no trabalho, na vida fitness e no amor.
Comparar a vida e as conquistas com a dos outros pode levar à baixa autoestima, sentimentos de inadequação e ansiedade em relação à imagem e status social. É o que diz a psicóloga Vanessa Gebrim, pós-graduada em psicologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Era o que sentia a estudante de cinema Hadassa Maciel, 22, que decidiu eliminar quem não a influenciava de forma positiva por causa de sua ansiedade. Ela diz que seu quadro piorou muito durante a pandemia.
"Quando eu olhava as redes sociais, tanto o Instagram quanto o TikTok, e via as pessoas que faziam parecer ter uma vida perfeita, todo mundo magro, que vai para a academia todos os dias, que tem uma dieta saudável e pele perfeita, eu ficava muito mexida."
Um estudo de 2017 da Royal Society for Public Health chamada #StatusofMind —algo como status da mente—, examinou os efeitos positivos e os negativos das redes sociais na saúde dos jovens. A pesquisa mostrou que o YouTube é a plataforma que tem o melhor impacto e o Instagram é a mais prejudicial para a saúde mental. Naquela época, o TikTok ainda não era uma febre como hoje, o que poderia tornar os resultados diferentes. "Eu cheguei a desinstalar o TikTok e o Instagram porque eu me cobrava muito", afirma Hadassa.
Gebrim, a psicóloga, afirma que as redes sociais podem, sim, gerar algum tipo de gatilho ou frustração, principalmente com essa onda das pessoas ficarem mostrando um estilo de vida sonhado por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral.
"Isso é algo bem improvável de ocorrer o tempo todo e acaba afetando muito as pessoas. O ideal é parar de seguir o que te faz mal e ficar somente com aquilo que te faz bem", diz.
Hadassa conta que se sentia mal ao ver aquelas pessoas terem uma vida aparentemente perfeita. "Hoje em dia eu tenho discernimento e sei que não é uma vida perfeita, mas mexe muito com a cabeça da gente", diz. "Eu gosto de seguir pessoas normais, que mostram que a vida não é tudo isso."
A virada do ano é uma época propícia para revisar metas e repensar atitudes. Para começar o ano com uma relação mais saudável com as redes sociais, Gebrim, a psicóloga, dá algumas dicas. Ela afirma que trocar o que é tóxico por emoções e comportamentos positivos contribui para a saúde mental.
1 - TENHA CONSCIÊNCIA DE USO DA TECNOLOGIA
A psicóloga Vanessa Gebrim aconselha usar a internet com moderação. "Procure limitar o uso das redes sociais para apenas alguns minutos do seu dia, preferencialmente após a conclusão de suas tarefas, assim você evita a procrastinação", diz.
2 - FAÇA A LIMPA EM QUEM ACOMPANHA
Parece mais fácil dizer do que fazer. A psicóloga recomenda observar a lista de quem segue e o que essas pessoas têm agregado de bom na vida. "Dê unfollow em todos aqueles que apenas despertam gatilhos de ansiedade em você ou que o conteúdo deixou de lhe interessar", diz.
Esses gatilhos, como ditos no início do texto, geram comparação e insatisfação. Podem estar relacionados à aparência, a sentimentos que outras pessoas transmitem ter em seus perfis, e até a bens materiais.
3 - PRIORIZE CONTATOS PESSOALMENTE
"As redes sociais causam grande impacto na nossa vida real, portanto, faça mais encontros com amigos, desligue o celular na hora das refeições, e aproveite mais os momentos em família e com amigos", diz Gebrim.
4 - DETOX DAS REDES SOCIAIS
Esse passo pode parecer o mais difícil, e nem todo mundo está preparado. Mas dá para começar aos poucos. Procure passar alguns dias longe das redes sociais e rapidamente você será capaz de observar os benefícios que essa prática proporcionará na sua vida e a melhora nos índices de ansiedade, segundo a especialista.
5 - SAIBA LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO
"Para lidar com a frustração, uma dica é desenvolver a inteligência emocional", afirma a psicóloga. "A terapia é muito eficaz nesse processo, pois ajuda a pessoa a conhecer e controlar as suas emoções e sentimentos."