Aconselhado por pessoas próximas, incluindo militares, a felicitar o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro resiste a fazer qualquer movimento nesse sentido.
Segundo fontes do governo, Bolsonaro tem pelo menos três razões para não ter pressa em se manifestar: Biden só será oficialmente eleito a partir do dia 14; os estados têm até dezembro para terminar a apuração; e Donald Trump pode se recusar a sair da Casa Branca, por contestar o resultado da eleição.
Bolsonaro tem mantido contato frequente com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Nesta quarta-feira (11), o chanceler cancelou a agenda para se reunir com o presidente no Palácio do Planalto.
O clima entre os diplomatas é de expectativa. Uma fonte brincou, dizendo que a amizade entre Bolsonaro e o atual presidente dos EUA é uma "fantasia unilateral". Porém, não há perspectiva de desfecho nesse impasse em torno de Biden por enquanto.
Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o Brasil precisa ser "prudente" em relação ao resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos e que o presidente Jair Bolsonaro irá cumprimentar o vencedor "na hora certa".
É dado como certo que Biden dará prioridade ao meio ambiente, área negligenciada por Donald Trump, que recentemente anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris. O candidato democrata chegou a ameaçar o Brasil com retaliações, caso a floresta amazônica continue sendo desmatada.
Bolsonaro e seu filho Eduardo (deputado pelo PSL de São Paulo) fizeram campanha a favor de Trump. Com a vitória de Biden, o Brasil perde seu principal aliado internacional. Mas fontes da área diplomática acreditam que o futuro presidente americano procurará agir com pragmatismo, desde que o governo brasileiro apresente mudanças em suas políticas ambientais e de direitos humanos.