O silêncio da madrugada deu lugar ao desespero em Rochedo, cidade a 83 quilômetros de Campo Grande (MS), após um incêndio devastar uma residência e deixar três pessoas mortas: Rosimeire Vieira de Oliveira, de 37 anos, o filho adolescente e a mãe dela, Irailde Vieira Flores de Oliveira, de 83. O ex-namorado da vítima, Higor Thiago Santana de Almeida, de 31 anos, foi preso em flagrante e é o principal suspeito de provocar o fogo.
O caso aconteceu por volta da meia-noite desta segunda-feira (10). Um dos vizinhos percebeu as chamas e correu para pedir ajuda. “Meu cunhado viu que a casa tava pegando fogo. Meu marido pegou a mangueira e veio correndo, mas quando abriu a janela, já tinha um corpo queimado lá dentro. Não deu tempo de salvar ninguém”, contou uma moradora, abalada.
Sem unidade do Corpo de Bombeiros na cidade, os próprios vizinhos tentaram combater as chamas com mangueiras e baldes d’água. “A gente ligou a mangueira no cano do vizinho e tentou apagar, mas o fogo era muito forte. Quando o caminhão-pipa chegou, já não tinha mais o que fazer”, lembrou uma das moradoras.
Os corpos foram encontrados na parte central da casa, longe de portas e janelas, o que levanta a suspeita de que as vítimas possam ter sido mortas antes do incêndio.
De acordo com vizinhos, Rosimeire era discreta e tranquila, e vivia com a mãe e dois netos — um deles, de 14 anos, estava em casa na hora do crime. “Foi muito triste ver os três caixões saindo. A rua toda chorou”, relatou uma idosa de 76 anos.
Horas antes da tragédia, Rosimeire enviou mensagens a familiares dizendo que havia alguém rondando a casa. Segundo a sobrinha, Rosilaine Gomes, a tia já demonstrava medo do ex-companheiro. “Ela dizia que ele era insistente, queria morar com ela, mas ela não queria. Disse que tinha alguém dentro da casa. Depois, veio o incêndio”, contou.
Higor, que foi encontrado dormindo em casa após o crime, nega ter cometido o incêndio, mas testemunhas afirmam tê-lo visto nas proximidades da residência pouco antes do fogo começar.
A Polícia Civil investiga o caso como feminicídio seguido de duplo homicídio. Este é o 35º feminicídio registrado em Mato Grosso do Sul em 2025, segundo a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública).



