
A indústria de agrotóxicos do Brasil prevê aumentar em mais de 10% a receita em 2021, após queda do faturamento em 2020.
A alta deve acontecer por conta de investimento dos produtores em safras de soja, milho e cana-de-açúcar, além dos repasses de custos das matérias-primas.
Segundo Julio Borges, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), que representa as fabricantes de agroquímicos.
Ele avalia que os ótimos preços de soja e do milho, que lideram a demanda por pesticidas no Brasil, devem impulsionar um aumento na área tratada com defensivos agrícolas na temporada 2021/2022, que começa a ser plantada em setembro, contribuindo para o crescimento dos negócios.
A recuperação acontece com a indústria reposicionando suas cotações já com um câmbio mais alto, após ter amargado problemas em 2020 com a disparada do dólar frente o real.
De acordo com o Sindiveg, de janeiro a dezembro do ano passado, a perda cambial foi de 18,5% para o setor, que importa cerca de 95% de suas matérias-primas.
Um sinal de melhoria neste mercado são as vendas antecipadas de agroquímicos para, que já atingiram entre 20% e 30%, bem acima dos 10% historicamente realizados até o final de janeiro.
"A demanda espero mais uma vez crescente pelo aumento de área das principais culturas e pela lucratividade dos produtores. Com o valor que eles têm por uma safra, vão querer ser mais cuidadosos", disse Borges, lembrando que pragas que atacam as lavouras têm ficado cada vez mais resistentes, o que exige aplicação de agrotóxicos.
Ele destacou que nos últimos seis anos o país tem crescido na média de 5% em área tratada com pesticidas.
"Estou esperando algo superior ainda, estou esperando que a área de soja suba mais que subiu no ano passado", disse Borges, ressaltando que a demanda da China tem sido tão forte que pode até gerar problemas de abastecimento.
Borges explicou também que a alta no faturamento anual ocorrerá após uma recuperação "enorme" nos preços dos agrotóxicos, o que acaba tendo impacto nos custos para os agricultores.
"Devido à consistente variação cambial, não conseguimos fazer o repasse integral do aumento dos custos, algo que deve acontecer este ano", afirmou o executivo, acrescentando que muitas companhias negociaram com menores margens ou fecharam o período com prejuízo.
Ele observou que o setor lida atualmente com desafio de aumento de preços de matérias-primas da China de todos os insumos, bem como de custos com logística, que dobraram por escassez de contêineres e navios.
"Todo negócio que fechamos em janeiro já tivemos impacto de custos, ninguém esperava impacto de custo agora, de matéria-prima e logística, e acho que o produtor quer se proteger disso", comentou, em referência à antecipação de negócios registrada neste início de ano.