
O analista político Alfredo Torres, presidente executivo da Ipsos-Peru, disse que a situação da pandemia "gerou muita irritação" na população com o sistema de saúde "que não funciona" e a falta de vacinas.
De acordo com Torre, a situação se reflete na "fragmentação histórica" prevista para a eleição deste domingo (11).
O Equador já está em seu quinto ministro da Saúde desde o início do vírus e no Peru, um escândalo de "fura-filas" de vacina contra a covid-19 provocou, em fevereiro, a saída dos ministros da Saúde e das Relações Exteriores do governo de Francisco Sagasti, quarto sucessor a assumir a Presidência desde a queda do presidente Pedro Pablo Kuczynski, PPK e depois do vice-presidente, Martín Vizcarra e do presidente do Congresso da República Manuel Merino.
O desgaste político dos líderes atuais no Equador e no Peru é outro fator desta eleição.
"O presidente (equatoriano) Lenín Moreno gerou desconfiança dos setores ligados ao ex-presidente Rafael Correa quando rompeu a relação com ele. Mas a decisão de Moreno de romper com Correa também acabou gerando desconfiança em relação a ele nas outras forças políticas. Ele é hoje o presidente menos popular desde a volta da democracia em 1979", falou o cientista político Simón Pachano, professor da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso) do Equador.
Pachano acrescentou que não está claro quem poderá ser o vencedor das eleições. "As pessoas já estavam desanimadas com a economia e o desempenho de Lenín Moreno, e a pandemia somou mais desânimo aos eleitores", ressaltou.
Os presidenciáveis Andrés Arauz, que se define de esquerda, é da Fuerza Compromiso Social (Força Compromisso Social) e foi ministro no governo Correa.
O empresário Guillermo Lasso, conservador, é contrário a iniciativas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e na reta final da campanha, porém, que governaria para todos, como observou Pachano.
Arauz é o candidato do ex-presidente Correa, o qual governou o Equador durante dez anos, entre 2007 e 2017, e hoje mora na Bélgica (em exílio, nas palavras de opositores, já que foi condenado a oito anos de prisão por denúncias de corrupção em seu país).
No primeiro turno da eleição, em fevereiro, Arauz, 36 anos, foi o mais votado, com 32,7%.
Lasso recebeu 19,74% dos votos com uma leve diferença para o terceiro candidato, Yaku Pérez, do movimento indígena Pachakutik, após uma apuração que durou vários dias.