
O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, enfrenta mais um dia de forte queda nesta quinta-feira (12), chegando a ter negócios paralisados duas vezes na mesma sessão, acompanhando os mercados externos, onde as bolsas também despencam. O catalisador para a queda é a decisão do presidente norte-americano Donald Trump, anunciada na noite de quarta, de proibir viagens da Europa para os Estados Unidos por 30 dias.
Às 10h12 (de MS), o Ibovespa caía 15,43%, a 72.026 pontos, quando foi acionado pela 2ª vez no dia o "circuit breaker" - sistema que interrompe os negócios automaticamente por 1 hora quando a queda supera 15%. Veja mais cotações.
Entre as principais quedas, os papéis da Petrobras tombavam mais de 20%.
Às 9h22 (de MS), quando o Ibovespa caía 11,65%, a 75.247 pontos, os negócios foram paralisados por meia hora. Foi a terceira paralisação dos negócios na semana – e a primeira vez que isso aconteceu.
O dólar, por sua vez, chegou a passar de R$ 5 na abertura, mas a disparada perdeu força após uma atuação mais forte do Banco Central com leilões de dólares em moeda à vista.
Impactos do coronavírus
A medida de Trump assusta os mercados, que seguem de olho nos impactos do coronavírus na atividade econômica mundial. Também na terça, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o surto como uma pandemia – logo depois, a bolsa brasileira caiu mais de 10%, e teve seus negócios paralisados. O Ibovespa encerrou a terça em baixa de 7,64%, 85.171 pontos.
"Os mercados globais estão abrindo novamente em estado de pânico. Estamos vivendo a tempestade perfeita, o 'Black Swan' clássico", destacou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimento, em email a clientes, segundo a Reuters.
Cenário doméstico
Pesa também no mercado de câmbio nesta quinta a derrota sofrida pelo governo no final da tarde de quarta-feira, após o Congresso Nacional derrubar o veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), com impacto estimado em cerca de R$ 20 bilhões já no primeiro ano.
Em razão do impacto orçamentário da medida, o mercado enfrenta agora outro vetor de risco, do lado fiscal brasileiro, o que aumenta as incertezas sobre as relações entre Executivo e Legislativo, e sobre o ritmo de recuperação da economia brasileira.