O IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) divulgou, nesta sexta-feira (10), a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Em Mato Grosso do Sul, os dados do IBGE mostram a desigualdade social entre os que ganham mais e os que ganham menos. Conforme a pesquisa, o rendimento médio mensal real do 1% da população com maiores rendimentos em Mato Grosso do Sul era de R$ 26.995,00, o que corresponde a 57,6 vezes o rendimento dos 10% da população com os menores rendimentos (R$ 468,20), em 2021.
A PNAD Contínua investiga informações sobre os rendimentos provenientes de todos os trabalhos e de outras fontes das pessoas residentes no Brasil. Conforme a pesquisa, na comparação com o valor médio recebido pelos 50% da população com os menores rendimentos (R$ 1.502,20), o valor recebido pelo 1% da população de Mato Grosso do Sul com maiores rendimentos é 17,9 vezes superior.
Em 2021, o Estado teve o menor rendimento médio de todas as fontes desde 2016. De 2016 (R$ 2.464,00) a 2021 (R$ 2.398,00), o rendimento médio real de todas as fontes teve redução de 2,7% em Mato Grosso do Sul. Se compararmos ao rendimento médio registrado em 2019 (R$ 2.663,00), a redução é ainda maior (queda de 9,9%).
Nacionalmente, de 2020 para 2021, apesar do aumento da população ocupada, a massa do rendimento mensal real de todos os trabalhos caiu 3,1%, indo de R$ 223,6 bilhões para R$ 216,7 bilhões, no período.
No Brasil, o rendimento médio mensal real de todas as fontes, em 2021, foi de R$ 2.265,00. Em 2021, o rendimento médio mensal real de todas as fontes se apresentou de maneira bastante distinta entre as Grandes Regiões do Brasil: a Região Sudeste registrou o maior valor (R$ 2 667), seguida pelas Regiões Centro-Oeste (R$ 2 565) e Sul (R$ 2 556), enquanto o menor foi verificado na Região Nordeste (R$ 1 497). De 2020 para 2021, a queda desse rendimento ocorreu principalmente nas Regiões Nordeste (10,9%) e Norte (7,0%).
Em Mato Grosso do Sul, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos (calculado para as pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência) apresentou o valor de R$ 2.547,00. Em relação a 2012, quando a estimativa era de R$ 2.479,00, o rendimento de todos trabalhos de 2021 representou crescimento real de 2,7%. Na contramão, quando comparamos a 2020, que apresentou rendimento de R$ 2.684,00, a estimativa de 2021 representa uma desaceleração de 5,1%
A pesquisa do IBGE ainda aponta que voltou a crescer o número de pessoas ocupadas no Estado. Em Mato Grosso do Sul, a pesquisa estima 1,25 milhão de pessoas ocupadas na semana de referência com rendimento. Na comparação com o ano de 2020, esse número representa um crescimento de 2,62%.
Da população ocupada e com rendimento no estado, em 2021, 537 mil se declararam da cor branca (42,9%), 96 mil pretas (7,7%) e 602 mil pardas (48,1%). No quesito sexo, 729 mil eram homens e 524 mulheres, ou seja, 58,2% e 41,8% respectivamente.
Com relação ao nível de instrução, foram 9 mil pessoas (1,5%) que não tinham instrução, 284 mil (22,7%) ensino fundamental incompleto ou equivalente, 110 mil (8,7%) ensino fundamental completo ou equivalente, 95 mil (7,6%) ensino médio incompleto ou equivalente, 361 mil (28,8%) ensino completo ou equivalente, 97 mil (7,8%) ensino superior incompleto ou equivalente e 286 mil (22,9%) superior completo.
Índice de Gini
A PNAD também informa o índice de Gini, indicador que mede distribuição, concentração e desigualdade econômica e varia de 0 (perfeita igualdade) até 1 (máxima concentração e desigualdade). Em Mato Grosso do Sul, o índice foi o maior desde 2013 (de 0,456 para 0,459, em 2021).
Segundo o IBGE, apesar da pandemia de COVID-19 e a redução brusca de ocupação, sobretudo entre os trabalhadores informais, a desigualdade do rendimento do trabalho em 2021 foi maior que o registrado em 2020 (0,446). No Brasil, o índice de Gini do rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos foi de 0,499 em 2021, praticamente o mesmo do ano anterior (0,500).
As Regiões Sul (0,433) e Centro Oeste (0,481) apresentaram os menores índices, enquanto a Região Nordeste (0,521), o maior, mantendo-se como a Região com a distribuição de rendimentos do trabalho mais desigual.
Bolsa Família
O IBGE ainda aponta que em Mato Grosso do Sul, 4,9% dos domicílios particulares permanentes recebiam, em 2021, dinheiro referente ao Programa Bolsa Família. O rendimento médio mensal domiciliar per capita dos beneficiários do Programa Bolsa Família em Mato Grosso do Sul foi de R$ 483,00, em 2021. Esse valor representa uma redução de 10,7% em relação a 2012, ano em que o rendimento médio per capita dos beneficiários do programa era R$ 541,00.
Além disso, também houve redução no rendimento médio mensal domiciliar per capita das famílias não beneficiárias do Bolsa Família em 2021 (R$ 1.503,00), que apresentou o menor valor da série desde 2012 (R$ 1.589,00). A redução é ainda maior quando comparamos a 2019 (R$ 1.822,00 - maior valor da série), uma queda de 17,5% quando comparamos ao registrado em 2021.