
A PF (Polícia Federal) prendeu, no início da manhã desta sexta-feira (12), Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "careca do INSS", acusado de operar um esquema de desvio de recursos de aposentados e pensionistas cadastrados no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Um relatório aponta que ele é sócio de 22 empresas, e que "várias" delas teriam sido utilizadas nas fraudes, operando como intermediárias dos sindicatos e associações, recebendo os recursos que eram debitados indevidamente dos aposentados e pensionistas, e repassando parte deles a servidores do Instituto ou familiares e empresas ligadas a eles.
Ao todo, pessoas físicas e jurídicas ligadas ao "Careca do INSS" receberam R$ 53.585.689,10 diretamente das entidades associativas ou por meio de suas empresas.
Se declara como gerente
Antônio Carlos Camilo Antunes se declara como um gerente, com renda mensal de R$ 24.458,23 e patrimônio entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. A Polícia Federal destaca, no entanto, que as transações feitas por ele destoam muito daquilo que seria sua renda.
Entre os dias 22 de abril de 2024 e 16 de julho de 2024, por exemplo, o "careca" teria acumulado um patrimônio imobilizado no valor de R$ 14,375 milhões.
A investigação ainda apurou que ele mantinha uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas para blindar o seu patrimônio e o relatório da PF indica que Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos, também estava envolvido no esquema, sendo sócio do pai em algumas de suas empresas.
Além disso, foram localizados inúmeros bens valiosos de posse de Antônio Carlos. Em maio, ele foi alvo de uma outra operação da PF que apreendeu seis carros de luxo, que estavam em uma garagem de um prédio localizado no Setor Bancário Norte, em Brasília. Todos esses veículos eram de marcas como: Porshe, BMW e Jaguar.
Na operação dessa sexta, foram apreendidos uma Ferrari F8, cujo valor pode ultrapassar os R$ 4 milhões, e uma réplica da McLaren MP4/8, modelo utilizado por Ayrton Senna na temporada de 1993 da Fórmula 1. A PF, porém, ainda não indicou se esses bens pertencem ao "Careca do INSS", ou à Nelson Willians, advogado também alvo de busca e apreensão no mesmo esquema.
Quebra de sigilo
Na última quinta-feira (11), a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no INSS aprovou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Antônio Carlos. Ele foi alvo de 20 pedidos previstos na pauta do colegiado de quinta-feira. Os pedidos aprovados incluíam várias solicitações de registros de visitas em vários órgãos, como Banco Central, a Secretaria-Geral da Presidência e o TCU (Tribunal de Contas da União).
Acusações
Antônio Carlos Camilo Antunes é acusado de:
- Liderar 22 empresas utilizadas para fraudar as contas de aposentados e pensionistas;
- Associação em empresas SPEs (Sociedade de Propósito Específico), utilizadas na tentativa de blindar os sócios controladores;
- Realizar transações superiores à sua suposta renda mensal de R$ 24.458,23 nos mesmos dias em que recebia os valores;
- Uma de suas empresas receber mais de R$ 11 milhões da AMBEC (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos);
- Possuir uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas para blindar seu patrimônio.