
Atualmente a mobilidade tornou-se o fator de estratificação mais poderoso e cobiçado, construindo e reconstruindo a nova hierarquia globalizada, criando um tipo de proprietário ausente, preocupado em extrair os tributos e lucros, deixando os subalternos à própria sorte.
Conforme Zygmund Bauman a realidade das fronteiras sempre foi um fenômeno de classe, os ricos do passado eram mais cosmopolitas, e tinham uma “cultura própria, que desprezava as fronteiras que confinavam as classes inferiores”. (1999, p. 20).
Na qual os poderosos não precisam ser fortes, eles só precisam estar isolados, garantidos pela segurança, inacessíveis aos locais.
Ainda de acordo com Bauman “Se a nova extraterritorialidade da elite parece uma liberdade intoxicante, a territorialidade do resto parece cada vez menos com uma base doméstica e cada vez mais como uma prisão” (p. 31). A velocidade que criou a mobilidade produziu liberdade para alguns e confinamento para outros.
Desta forma note-se que na organização do espaço “o que é legível para alguns pode ser obscuro e opaco para outros” (Bauman, 1999, p.36) como exemplo a violência marcada de Gênero, na qual muitas mulheres percebem as formas de violência e opressão e outras apenas não dissimula esses fatores em sua vida ou socialmente.
Assim, a universalização queria tornar o mundo melhor e expandir as mudanças em escala global, tornar as condições de vida semelhantes, “talvez mesmo torná-las iguais” (BAUMAN, 1999, p. 67).
Sendo o movimento rápido a essência da globalização, não havendo mais fronteiras naturais e lugares óbvios para o perigo, principalmente para o sexo mais frágil.
Por isso a espetaculosidade, versatilidade, severidade e disposição das operações punitivas importam mais que a sua eficácia”, importa mais que a quantidade de crimes detectados e reportados e serve para “ocupar a atenção do público com os perigos dos crimes e da criminalidade” (Bauman, p.1999, p127-128).
Créditos: Daiane Schuindt