
O dia 13 de maio evoca um marco na história do Brasil: a assinatura da Lei Áurea, em 1888, que formalmente aboliu a escravidão. Após séculos de sofrimento, exploração e desumanidade, o grito de liberdade ecoava, prometendo um novo horizonte para milhões de africanos e seus descendentes. No entanto, ao revisitarmos esse momento histórico, percebemos que a abolição, embora crucial, representou apenas o primeiro passo em uma longa jornada rumo à igualdade.
O olhar histórico revela que a libertação dos escravizados ocorreu de forma abrupta e desassistida. Não houve políticas públicas de integração social, econômica ou educacional para amparar essa população recém-liberta. Sem terras, sem recursos e marginalizados por uma sociedade que lucrou com sua exploração, os ex-escravizados foram lançados à própria sorte, enfrentando o preconceito e a discriminação em um sistema que perpetuava as desigualdades raciais.
O início da libertação foi marcado por incertezas e desafios. A ausência de oportunidades e a persistência de ideologias racistas relegaram a população negra a trabalhos precários e à marginalização social. A promessa de liberdade plena esbarrava em uma realidade de exclusão e na manutenção de estruturas de poder que favoreciam a elite branca.
Mais de um século depois, o panorama do Brasil ainda reflete as profundas cicatrizes desse passado. A população negra continua a enfrentar desafios significativos em diversas esferas. As estatísticas revelam disparidades gritantes no acesso à educação de qualidade, ao mercado de trabalho, à saúde, à moradia e à justiça. O racismo estrutural se manifesta em práticas cotidianas, no preconceito institucional e na violência policial que vitima jovens negros nas periferias.
A luta por igualdade racial no Brasil é, portanto, uma continuidade da busca por uma abolição que seja efetivamente completa. É preciso reconhecer as injustiças históricas, implementar políticas afirmativas que promovam a inclusão e combater o racismo em todas as suas formas. O 13 de maio nos convida a celebrar a conquista da liberdade formal, mas também nos lembra da urgência em construir uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária para toda a população brasileira, onde as sombras do passado não obscureçam o futuro. A caminhada é longa, mas a esperança por um Brasil mais justo e equitativo permanece viva.
Edição e Texto Jornalista Pedro Lopez