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Sábado, 19 de outubro de 2024

Diagnóstico, pandemia e anos de espera: a trajetória de um pai que escolheu a adoção tardia.

Junto com a esposa, Thiago encontro os filhos Antônio, Ivo e Marcelo, de 12, 9 e 8 anos, respectivamente.

13 de ago 2023 - 17h:21 Créditos: G1
Crédito: DIVULGAÇÃO

Thiago Hashimoto, de 38 anos, passou por uma longa trajetória, repleta de desafios, antes de encontrar os próprios filhos. Ao lado da esposa, Késia Hashimoto, 33, descobriram que não poderiam gerar crianças biológicas e Thiago teve esperar anos até realizar o sonho de ser pai. Mas quando o grande dia chegou, a conquista veio em dose tripla e se tornou logo pai de três: Antônio, Ivo e Marcelo, de 12, 9 e 8 anos, respectivamente.

Thiago e Késia se conheceram na infância, frequentando a mesma igreja em Pompéia (SP), mas só se reencontraram quando adultos. Ele havia retornado do Japão e ela, de Minas Gerais.

Os dois se casaram em 2014 e tinham planos de ter filhos no ano seguinte, mas o sentimento de "casa vazia" veio rapidamente.

Durante um ano, o casal vivenciou várias tentativas frustradas de gestação e diversos testes negativos. Em 2016, decidiram buscar ajuda médica.

"Desse jeito, vocês nunca vão ter filhos mesmo", teria dito o profissional ao revelar que Thiago tinha sido diagnosticado com azoospermia, uma esterilidade. Ele e a esposa ficaram tristes com o diagnóstico, mas não desistiram do sonho.


Planos em Comum


Késia nutria o desejo de adoção desde criança e, durante anos, apadrinhou financeiramente uma criança. Ela se casou com esse sonho, mas ainda não tinha compartilhado com Thiago que também já havia apadrinhado uma criança na África.


"A adoção era uma possibilidade para nós, mas ainda entendíamos isso como um plano B para ter filhos", lembra Kesia.


Thiago e Késia viveram o luto de não poderem gerar durante três anos. Em 2019, após um passeio entre eles e outro casal de amigos que estava com o bebê deles, Thiago disse: "acho que é hora de sermos pais, vamos adotar".

O casal deu entrada no processo de adoção em fevereiro de 2019 e, segundo eles, cada ida ao Fórum ou documentação preparada era como se um exame gestacional estivesse sendo feito.



"Nosso coração entendeu que adoção é plano A, é uma das maneiras de gerar filhos", lembra Késia.


Eles pensaram em adotar uma criança de até 5 anos, mas a espera fez com que mudassem de ideia. Partiu do pai a iniciativa da mudança de perfil. À época, ele disse à esposa: "Não sei se vai achar loucura, mas se vamos aumentar a nossa família, vamos aumentar de vez, vamos adotar três".

O nome deles foi inserido no Sistema Nacional de Adoção (SNA), com abertura para adoção tardia de um grupo de até 3 irmãos, com idades entre 0 e 8 anos, sexo e raça indefinidos, em todo o Brasil.

A primeira foto que a família recebeu do trio — Foto: Arquivo pessoal

A primeira foto que a família recebeu do trio — Foto: Arquivo pessoal



Meninos a Caminho


Após 15 dias, eles receberam uma ligação a respeito de três meninos de Campo Grande, de 4, 6 e 8 anos, e em janeiro eles vieram buscar o trio.

Eles ficaram receosos com o tratamento que os meninos receberiam da família e amigos.


"A falta de informação das pessoas ao nosso redor foi o maior desafio. Muitos nos diziam que éramos loucos, que eles poderiam ter ‘DNA ruim’, que deveríamos engravidar primeiro e que a adoção não dava certo", lembra Késia.


Mas não demorou até que todos mudassem de ideia, e hoje a luta em prol da adoção não é só do casal, mas também dos amigos e de toda a família.


O Nascimento do Pai


O encontro entre os pais e os filhos aconteceu em 20 de janeiro de 2020 no Fórum de Campo Grande. Antônio, Ivo e Marcelo entraram correndo na sala da Vara da Infância e foram parar direto nos braços dos pais.

Os cinco saíram de mãos dadas do Fórum, com Thiago carregando as mochilas deles e preocupado com os três ao atravessarem a rua. Ali, ele se tornou pai.

A família reunida para uma sessão de fotos — Foto: Camila Mariane

A família reunida para uma sessão de fotos — Foto: Camila Mariane


Thiago quem fez as camas dos meninos, montou os guarda-roupas e acordou nas primeiras noites para ver se eles estavam cobertos, sempre preocupado em ser um referencial para o trio.

Após duas semanas da chegada dos meninos em casa, a pandemia se tornou mais severa, e o casal, que trabalha com fotografia de eventos, ficou sem possibilidade de trabalhar e com três vidas a mais para cuidar.

Thiago ensinou os meninos a andar de bicicleta, patins, soltar pipa, tocar instrumentos musicais e a ter fé. Ao lado de Késia, também aprendeu que cada filho é único, com habilidades e limites próprios.

Hoje, eles se alegram em ver o crescimento e desenvolvimento, a autoestima e a autonomia dos meninos.

Questionado sobre que conselho daria para outras famílias que pensam em adotar, Thiago disse que é preciso entender as motivações e se basear em três pilares: fé, responsabilidade e amor.


"Tenha fé de que Deus vai ajudá-lo em toda a jornada. Seja responsável por sua escolha e lute por seus filhos com a certeza de que a devolução ou um novo abandono não existem como opção. Compreenda que amar é uma decisão; a nossa maior referência de amor é Deus. Antes mesmo de decidir adotar, decida amar, incondicionalmente", disse.



Ele e Késia são incentivadores da adoção, especialmente a tardia, "independente de você trocar fraldas ou as rodinhas da bicicleta. O amor não tem idade, e eu vivi várias primeiras vezes na vida dos meus filhos; estamos construindo novas memórias", declara Thiago.

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