Fernandinho Beira-Mar, considerado pelas autoridades como chefe da facção criminosa Comando Vermelho, relatou, em uma audiência por videoconferência, a prática de tortura no presídio federal de Campo Grande (MS).
Segundo o próprio detento, devido à pandemia, ele ficou por 19 dias sem se alimentar depois de não receber assistência jurídica quatro meses.
“Sou contra a greve de fome, porque não acho que esse é o caminho. Fiquei em greve de fome para tentar atendimento com o meu advogado. Só depois disso, consegui”, diz no vídeo divulgado pelo portal UOL.
Beira-Mar disse ter permanecido por seis meses em uma cela isolada, sem condições de ler e estudar devido a pouca iluminação.
“Aí a direção responde: ‘O preso não tem que escolher’. Não quero escolher. Só quero ter o direito de ter um ambiente salubre para eu poder ler, poder estudar. Estava numa cela escura, sem condição de leitura”, contou.
O presidiário se apresentará em outubro no Congresso Internacional de Direitos Humanos de Coimbra, em Portugal, com um artigo em que compara os presídios federais ao calvário e crucificação de Cristo.
Ele foi transferido da penitenciária de Mossoró (RN) para Campo Grande em setembro de 2019.