O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse nesta 5ª feira (12.out.2023) que os hospitais na Faixa de Gaza podem se tornar necrotérios devido ao corte de energia provocado pelas forças israelenses. A organização pediu que o governo de Israel interrompa este bloqueio, assim como o de água, para não agravar a crise humanitária na região e permitir o reestabelecimento de tratamentos médicos a bebês e idosos.
“À medida que Gaza perde energia, os hospitais perdem energia, colocando em risco os recém-nascidos em incubadoras e os pacientes idosos que recebem oxigênio. A diálise renal é interrompida e os raios X não podem ser realizados. Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios”, disse em nota.
A Cruz Vermelha também condenou o sequestro de civis israelenses por parte do grupo extremista palestino Hamas. No documento, o órgão internacional declarou que o sequestro de civis é uma violação do Direito Internacional Humanitário e solicitou a liberação imediata dos reféns.
Em nota, a organização disse estar em contato com os 2 lados do conflito e se colocou como uma possível intermediária em negociações pela paz.
Leia a íntegra da nota:
“A miséria humana causada por esta escalada é abominável e imploramos às partes que reduzam o sofrimento dos civis.
“À medida que Gaza perde energia, os hospitais perdem energia, colocando em risco os recém-nascidos em incubadoras e os pacientes idosos que recebem oxigênio. A diálise renal é interrompida e os raios X não podem ser realizados. Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios.
“As famílias em Gaza já enfrentam dificuldades no acesso à água potável. Nenhum pai quer ser forçado a dar água suja a uma criança sedenta.
“Ao mesmo tempo, as famílias israelenses estão extremamente preocupadas com os entes queridos feitos reféns. A tomada de reféns é proibida pelo Direito Internacional Humanitário e qualquer pessoa detida deve ser imediatamente libertada.
“Estamos agora em contacto com o Hamas e autoridades israelitas como parte dos esforços nesta questão. Como intermediários neutros, estamos prontos para realizar visitas humanitárias; facilitar a comunicação entre reféns e familiares; e para facilitar qualquer eventual liberação.”
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. Lideranças árabes, no entanto, não aceitaram a divisão.