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Terça, 18 de novembro de 2025

Safra de grãos deve cair 3,7% em 2026 após recorde histórico, diz IBGE

Clima menos favorável e preços baixos de algumas culturas devem reduzir a produção para 332,7 milhões de toneladas.

13 de nov 2025 - 17h:45 Créditos: Redação, com informações do Dourados Informa
Crédito: Ilustrativa/Freepik

Após um ano de colheita recorde, a produção agrícola brasileira deve somar 332,7 milhões de toneladas em 2026, uma redução de 3,7% em relação a 2025, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa faz parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) e é a primeira a trazer projeções para o próximo ano.

Em 2025, o país deve atingir 345,6 milhões de toneladas, volume 18,1% maior que o de 2024 e o maior já registrado na história. O recuo previsto para 2026 é atribuído a condições climáticas menos favoráveis e ao impacto econômico sobre algumas culturas.

 

Clima e La Niña devem afetar produtividade

 

De acordo com o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, a safra de 2025 foi impulsionada por um clima excepcionalmente favorável, o que garantiu recordes em culturas como soja, milho, sorgo e algodão. Para 2026, o cenário deve mudar.

“Provavelmente o clima não será tão favorável. Estamos no início da safra e trabalhamos com médias históricas, além da influência do fenômeno La Niña, que traz mais chuvas ao Centro-Oeste e seca ao Sul”, explicou Guedes.

Apesar da queda na produção, a área colhida deve crescer 1,1%, chegando a 81,5 milhões de hectares, praticamente o tamanho do estado do Mato Grosso.

 

Quedas nas principais culturas

 

O levantamento aponta redução em várias culturas importantes:

Milho: -9,3% (-13,2 milhões de toneladas)

Sorgo: -11,6% (-604,4 mil toneladas)

Arroz: -6,5% (-815 mil toneladas)

Algodão: -4,8% (-466,9 mil toneladas)

Trigo: -3,7% (-294,8 mil toneladas)

Feijão: -1,3% (-38,6 mil toneladas)

Amendoim: -2,1% (-25,5 mil toneladas)

Segundo o IBGE, a redução no milho está relacionada à incerteza sobre o período de plantio e às condições climáticas ainda instáveis. Já os preços baixos de produtos como algodão, arroz e feijão devem levar produtores a reduzir as áreas plantadas.

“Três anos de safra crescente mantiveram a oferta alta e derrubaram os preços do algodão. As margens ficaram apertadas e a tendência é de menor plantio”, disse Guedes.

Mesmo com retração, o feijão deve alcançar cerca de 3 milhões de toneladas, volume suficiente para suprir o consumo nacional.

 

Soja é exceção e deve crescer em 2026

 

A soja, principal produto do agronegócio brasileiro, caminha no sentido oposto. A produção deve crescer 1,1%, chegando a 167,7 milhões de toneladas, com alta de 0,3% na área plantada e 0,8% na produtividade. O IBGE atribui o avanço à recuperação da safra gaúcha, que enfrentou perdas severas em 2025 devido à falta de chuvas.

O Brasil segue como maior produtor e exportador mundial de soja, consolidando sua liderança no mercado global de grãos.

 

Armazenagem cresce e garante suporte à produção

 

O IBGE também apontou que a capacidade de armazenagem agrícola do país cresceu 1,8% no primeiro semestre de 2025, totalizando 231,1 milhões de toneladas.

Distribuição da capacidade:

Silos: 123,2 milhões de toneladas (53,3%)

Armazéns graneleiros: 84,2 milhões (36,4%)

Armazéns convencionais e infláveis: 23,8 milhões (10,3%)

Em 30 de junho, o Brasil possuía 79,4 milhões de toneladas em estoque, sendo 48,8 milhões de soja, 18,1 milhões de milho, 6,1 milhões de arroz, 2,4 milhões de trigo e 600 mil de café.

Essa estrutura, segundo o IBGE, é essencial para garantir maior rentabilidade aos produtores, permitindo que esperem o momento mais favorável para vender a colheita.

 

Diferença entre IBGE e Conab

 

No mesmo dia, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou uma projeção superior à do IBGE: 354,8 milhões de toneladas de grãos para a safra 2025/2026. As metodologias são distintas — a Conab considera estimativas mais recentes de produtividade e plantio.

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