Principal ponto turístico do Tocantins, o parque estadual do Jalapão, que abriga dunas de areia e cachoeiras idílicas, teve recorde de visitação em 2021, ano em que esteve no centro de uma polêmica.
Segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (14), as atrações geridas pelo governo estadual receberam 55.579 pessoas no ano passado, maior público desde 2014, quando os números começaram a ser compilados. Veja a tabela:
Vsitantes nas atrações públicas do Jalapão
Fonte: Governo do Tocantins
Nesse período, a região testemunhou um interesse crescente no turismo, que culminou com um plano para conceder a administração do parque à iniciativa privada em um processo cheio de controvérsias.
Aprovada em uma tramitação-relâmpago no ano passado na Assembleia Legislativa, a sua concessão acabou cancelada pelo governador em exercício, Wanderlei Barbosa (sem partido), no fim de novembro, às vésperas do processo de impeachment do titular, Mauro Carlesse (PSL).
O projeto era uma das prioridades da gestão Carlesse. Quando foi afastado do cargo pela Justiça, uma das suspeitas envolvia justamente a compra de uma fazenda no Jalapão.
Avaliado em mais de R$ 2 milhões, o imóvel teria sido adquirido, segundo o Ministério Público Federal, em nome de um "laranja" um dia antes de Carlesse anunciar a liberação de dinheiro público para a construção de um aeródromo na região. A transação suspeita é um dos elementos citados pelos procuradores no pedido judicial que levou ao afastamento do governador. Em sua defesa, Carlesse nega qualquer irregularidade e diz que o projeto do aeródromo é de 2001.
O perímetro do parque fica dentro da chamada região do Jalapão, que é bem maior e alvo de cobiça tanto pelo seu potencial turístico quanto pela sua localização geográfica, na fronteira do Matopiba (acrônimo que reúne as siglas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), área onde houve forte expansão agrícola.
Além do processo conturbado, que gerou críticas por ter deixado de fora as comunidades locais, a discussão em torno da concessão jogou luz sobre problemas antigos e sem solução para os quilombolas, como a ausência de infraestrutura, a falta de regularização fundiária e o acesso por estradas em condições precárias.
Nesta reportagem, você vai ler sobre:
- O que previa o contrato de concessão
- A tramitação-relâmpago do projeto
- A disputa política e o afastamento do governador
- As comunidades deixadas de fora do debate
- Os problemas sem solução à vista que atingem os quilombolas