O presidente Jair Bolsonaro tem reclamado há mais de uma semana de soluços persistentes.
De acordo com o próprio Bolsonaro, o problema pode ter relação com medicamentos que precisou tomar por causa de uma cirurgia para implante dentário.
Na quinta-feira (8), o presidente afirmou: "Estou há uma semana com soluço, talvez não consiga me expressar bem nessa live".
Na segunda-feira (12), quando teve entre os compromissos um encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, o presidente sofria com soluços.
Na noite desta terça (13), em conversa com apoiadores, ele voltou a falar do assunto:
"Pessoal, eu estou sem voz, pessoal. Se eu começar a falar muito, volta à crise de soluço. Já voltou o soluço".
Na madrugada desta quarta (14), se queixando de dores abdominais, o presidente foi fazer exames no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília.
Especialistas dizem que a condição é rara, pode ter origem em algum remédio e ser intensificada pelas características pessoais de cada paciente.
O médico Flavio Quilici, professor de gastrenterologia da PUC Campinas, explica que, além de rara, a situação é muito incômoda e tem relação com o diafragma, um dos músculos principais na respiração.
“Você lembra do músculo que tem entre o tórax e o abdômen, que é o diafragma. Quando esse diafragma descontrai, isso faz com que você jogue o ar para cima e a glote, que é a passagem que abre para o estômago ou para o pulmão, ela fecha, e faz aquele barulho bem característico”, explica Quilici.
Quilici diz que o soluço é comum, sempre por uma irritação da enervação que passa pelo diafragma. No entanto, a permanência do incômodo por vários dias é bem rara.
“E raríssimas vezes isso persiste por mais de 48 horas, que se caracteriza como uma síndrome do soluço persistente, podemos dizer assim. Dez dias é bastante”, segundo o médico, é possível que a cirurgia de Bolsonaro pode sim estar relacionada com os soluços.
“Para ele ficar tanto tempo, pode ser uma complicação esofágica, que é a doença do refluxo. E ele teve um fato também que é a cirurgia abdominal e, às vezes, as bucais, podem levar a esse estímulo”, analisa Flavio Quilici.