As articulações em andamento podem causar uma reviravolta na política de Mato Grosso do Sul: o ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD) pode contar com o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD) como candidato a vice-governador e apoiar a candidatura do advogado e professor universitário Tiago Botelho (PT) para o Senado. Em troca do apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT deve retirar da disputa a advogada Giselle Marques.
O primeiro sinal praticado da articulação em andamento foi dado pelo PCdoB, que compõe a federação com o PT e o PV, decidiu encaminhar o apoio a Marquinhos para o Governo, a Tiago para o Senado e a Lula presidente. “Nosso time de pré-candidatos à majoritária foi escolhido, com o propósito de representar o espírito da Frente Ampla, derrotar o Fascismo e reconstruir o Brasil”, informou a direção estadual em publicação nas redes sociais.
Só que para valer a decisão, o partido vai precisar contar com o apoio do PT e do PV. Giselle admite que pode ter a mudança, porque a prioridade dos petistas é a eleição de Lula. No entanto, a advogada ressalto que ainda não houve avanço nas negociações nesse sentido.
A chapa de Marquinhos, que lidera todas as pesquisas, ainda não está definida. No entanto, O Jacaré apurou que existe a possibilidade de Odilon se tornar o candidato a vice. O magistrado disputou o segundo turno contra Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2018 e perdeu por uma diferença de apenas 60,8 mil votos.
Outros cotados para a vaga de vice são a médica Viviane Orro (PSD), que foi candidata a prefeita de Aquidauana e é esposa do deputado estadual Felipe Orro (PSD). O outro cotado é o ex-secretário municipal de Finanças, Pedro Pedrossian Neto (PSD), que tem o mesmo nome do avô, ícone da política regional.
Odilon é apontado como uma liderança que possui bom desempenho no interior, região em que Marquinhos precisa ter apoio. Um dos destaques é que o juiz é muito querido em Dourados, segundo maior colégio eleitoral do Estado e estratégico para quem quiser chegar ao Governo, como foi o caso de Reinaldo e André Puccinelli (MDB) com Murilo Zauith (União Brasil), Zeca do PT com Egon Krakhecke (PT) e Wilson Barbosa Martins com Braz Melo.
Se retirar a candidatura de Odilon, Marquinhos não descarta a aliança com o PT e poderá apoiar o advogado Tiago Botelho, que está na primeira eleição, para senador. No entanto, o apoio ainda causa polêmica e as conversações ainda não estão totalmente fechadas.
O senador Nelsinho Trad, presidente regional do PSD, e o deputado federal Fábio Trad, defendem o apoio a Lula, mas a decisão caberá a Marquinhos.
O ex-prefeito também não descarta apoiar a candidatura a senador do primo e ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (União Brasil). O ex-secretário está na chapa da deputada federal Rose Modesto (União Brasil) e poderia ter um apoio velado de Marquinhos.
De acordo com o JD1, Odilon também poderá disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. A avaliação é de que o PSD conta apenas com a candidatura de Fábio Trad, que corre o risco de não atingir o quociente eleitoral para ser reeleito. Com o juiz, o partido aposta que poderá até eleger dois deputados federais.
A convenção do PSD e do Patriotas para confirmar a candidatura de Marquinhos a governador ocorrerá no dia 30 deste mês, coincidentemente, no mesmo dia da federação composta pelo PT, PV e PCdoB. “É uma coincidência”, garantiu o presidente do PV, Marcelo Bluma, que assegura ainda não estar definido o apoio ao ex-prefeito.